Redação (06/09/07) – Nesta quarta-feira, a empresa, que tem sede em Saint Louis (EUA), anunciou que deverá investir US$ 28 milhões no País nos próximos cinco anos para lançar no Brasil a segunda geração de soja transgênica.
De acordo com Alfonso Alba, presidente da Monsanto do Brasil, os recursos serão investidos no desenvolvimento de uma soja com dupla transgenia, combinando a tecnologia Bt (que confere resistência à lagarta da soja) com a tecnologia Roundup Ready2Yield (que confere tolerância ao defensivo glifosato). O investimento será realizado em pesquisa e também na instalação de três novas estações de pesquisa, que serão no Rio Grande do Sul, Paraná e Tocantins (os municípios ainda não foram definidos). Hoje a Monsanto já mantém no País unidades em Sorriso (MT) e Morrinhos (GO).
"O Brasil mostrou que respeita a propriedade intelectual e há um grande compromisso de pagamento pelo uso da tecnologia", afirmou Alba. Hoje no Brasil a Monsanto comercializa a soja RR (tolerante ao glifosato) e o algodão Bollgard (resistente a insetos). Cálculo da Monsanto baseado no que a empresa recebe pelo uso da tecnologia, na safra 2006/07, 51% da área plantada com soja no país foi transgênica. Para a próxima safra, a empresa prevê que 60% da área será cultivada com a soja RR – a nova soja de dupla transgenia só chegará ao mercado dentro de cinco anos, segundo o executivo.
Alba observou ainda que o recebimento de royalties pela empresa foi equivalente a 40% do total da soja RR que circulou no país na safra 2006/07. Os outros 60% foram pagos na forma de indenização (taxa de 2% do valor da saca, que é cobrada na entrega às indústrias). Para a safra 2007/08, a Monsanto manterá o valor do royalty, de R$ 0,30 por quilo de semente. No caso do algodão, a Monsanto estima que 12% da área plantada no Brasil foi cultivada com o transgênico Bollgard na safra 2006/07 e, na próxima, deve aumentar para 23%.
Ainda conforme o executivo, a nova soja a ser desenvolvida no Brasil poderá ser comercializada futuramente em todos os países do Mercosul, exceto na Argentina e no Uruguai. "Enquanto esses países não chegarem a um acordo sobre o pagamento pelo uso da nossa tecnologia, a Monsanto não fará nenhum investimento, nem lançará produtos naqueles países", afirmou Alba.
Pablo Vatero, diretor de estratégia e novos negócios da Monsanto na Argentina, observou que, no país vizinho, 100% da soja cultivada tem a tecnologia Roundup Ready, mas do total de sementes de soja RR vendidas, apenas 20% são certificadas. Os outros 80% são sementes multiplicadas pelos produtores ou ilegais. "Desde a safra 2003/04, a empresa parou de cobrar royalties dos produtores que compram a semente certificada por não achar justo. Mas com isso, a Monsanto não recebe nada na Argentina pela tecnologia RR na soja", criticou Vatero. Ele observou que a empresa negocia com governo e produtores uma solução para melhorar a fiscalização no país, mas o acordo não deve sair tão cedo. "A Monsanto ainda aposta na Argentina pelo seu potencial agrícola. Mas se não houver solução, não haverá investimento".