Da Redação 15/08/2005 – A americana Monsanto pretende aumentar em pelo menos 20% a capacidade de produção de glifosato, princípio ativo do herbicida Roundup, em sua fábrica de Camaçari, na Bahia. O projeto ainda está em fase de definições, mas está sendo tocado em ritmo acelerado porque 90% da capacidade atual já está sendo utilizada pela multinacional.
“Precisamos ampliar a capacidade da unidade para a produção de Roundup. Não temos ainda o valor do investimento, nem o percentual exato da ampliação, mas o aporte será feito no curto prazo”, afirmou Paulo Cau, diretor comercial da empresa no Brasil. Em 2004, o Valor informou que a Monsanto pretendia investir US$ 40 milhões em três anos para incrementar em 30 milhões de litros a capacidade de produção de Roundup em sua fábrica em São José dos Campos (SP).
Segundo Cau, os próximos investimentos da Monsanto no Brasil serão destinados principalmente à unidade baiana. “O Brasil dobrou sua área de soja nos últimos anos. O consumo de herbicidas acompanhou o crescimento das lavouras. Além disso, a fábrica atende ao mercado externo”.
Segundo a múlti, os investimentos já realizados em Camaçari – onde a produção de glifosato começou em 2001 – chegam a US$ 350 milhões. As exportações a partir da unidade, por sua vez, alcançaram US$ 85,2 milhões em 2004, quando os embarques totais da companhia a partir do Brasil somaram US$ 118,5 milhões.
Apesar de estar prestes a ampliar sua fábrica baiana, a Monsanto está revendo algumas posições comerciais e mesmo suas projeções de resultados no Brasil em 2005. Conforme Cau, inicialmente esperava-se um crescimento de 10% neste ano, mas como há sinais de queda nos financiamentos rurais e a taxa cambial atualmente é desfavorável ao desempenho da empresa, o avanço deverá ficar em torno de 5% em relação a 2004 – quando o faturamento da empresa no Brasil foi de R$ 2,56 bilhões, cerca de 10% mais que em 2003.
Paulo Cau também disse que a múlti deverá concentrar seus esforços comerciais em áreas de maior rentabilidade. “Seremos mais restritivos em áreas de risco e com baixa utilização de tecnologia. Queremos mais segurança nas vendas, com maior garantia de recebimento”, afirma.
Apesar do alerta, Cau afirmou que a empresa também vai intensificar as ações para ampliar a utilização de produtos com maior tecnologia e valor agregado. Uma das regiões em vista é o Nordeste brasileiro, encarado pela multinacional como uma área de expansão agrícola com grande potencial de avanço.
O diretor comercial lembrou que, quanto maior o valor agregado dos produtos vendidos – inclusive aqueles oriundos da biotecnologia -, maior a rentabilidade do produtor e menor o consumo de herbicidas e inseticidas. Atualmente, o Nordeste representa aproximadamente 5% do volume total de sementes comercializado pela empresa no Brasil, e cerca de 8% do volume total do herbicida Roundup.
A Monsanto espera, também, a regularização no país de sementes transgênicas de milho e algodão, para também passar a apostar nesses organismos geneticamente modificados (OGMs). Nos próximos cinco anos a empresa espera colocar à disposição dos produtores itens como soja transgênica enriquecida com ômega 3, outra variedade mais resistente a insetos, tipos de milho com mais proteínas e aminoácidos e gerações de soja e milho mais resistentes à seca entre outras novidades pesquisadas.
“As novas culturas ”biotech” vão viabilizar novos projetos agrícolas mais produtivos que os atuais em função de gastos menores com inseticidas, por exemplo. Estes recursos poderão ser direcionados para a irrigação, ampliando a produção”, observa.
O executivo afirma que já estão prontos para comercialização – à espera de autorização da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) – gerações de milho resistente ao Roundup e a insetos, outra soja resistente ao Roundup e algodão resistente a insetos e Roundup.