Da Redação 11/08/2003 – Os nitrofuranos são substâncias antibacterianas, que representam risco à saúde de consumidores de produtos animais. Para competir no mercado internacional, os exportadores brasileiros de produtos de origem animal devem-se adequar à legislação internacional: em junho último, a Unidade Européia emitiu novo alerta para a presença de nitrofuranos em produtos brasileiros.
A Agilent Technologies – uma das maiores empresas do mundo em biociências e tecnologia para análises químicas – acaba de desenvolver novo processo, altamente sensível, que detecta simultaneamente a presença de quatro metabólitos de nitrofuranos (resíduos antimicrobianos metabolizados) em tecido animal. Os nitrofuranos representam graves riscos à saúde pública devido a seu potencial carcinógeno. A nova técnica, desenvolvida pela Agilent Technologies, combina três etapas – Cromatografia Líquida, Espectometria de Massa e Ionização por Eletrospray.
As drogas antibacterianas derivadas de nitrofuranos (furazolidona, furaltadona, notrofurazona e nitrofurantoína) são amplamente utilizadas como aditivos alimentares para prevenir a enterite (inflamação no intestino) bacteriana em gado, peixes, suínos e aves. A presença de resíduos nitrofuranos em tecidos comestíveis representa um grande risco à saúde humana. O uso de nitrofuranos na produção animal foi proibido na União Européia em 1995 e, nos EUA, em 2002.
Para os exportadores de produtos animais, o procedimento Agilent – também disponível no Brasil – representa um meio de assegurar que seus produtos atendam às exigências inspecionais internacionais, reduzindo eventuais perdas causadas pela rejeição de mercadorias, principalmente avícolas. Segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango, o Brasil foi o segundo maior exportador dessas aves em 2002, perdendo, apenas, dos EUA. Porém, esta é uma posição ameaçada, já que em junho último a União Européia emitiu alerta para as carnes importadas do Brasil.
Impactos econômicos
Além das implicações na saúde pública, a presença de resíduos nitrofuranos em alimentos pode causar grande impacto econômico tanto para importadores quanto exportadores mundiais de produtos alimentícios. No início de 2002, a União Européia reforçou sua política de inspeção de alimentos importados, depois que resíduos de nitrofurano foram encontrados em importações de camarões, peixes e aves. Essas inspeções não só reduziram o volume da entrada dessas importações na União Européia, como também diminuíram a confiança dos consumidores em relação à segurança dos alimentos importados.
A análise de nitrofuranos é complexa por seu rápido metabolismo, já que, in vivo, as drogas têm meia-vida de apenas poucas horas. Detectar resíduos da droga em tecido animal, então, não é fácil. Contudo, os metabólitos destas drogas antibacterianas são detectáveis, por várias semanas, em determinados tecidos animais. É possível detectar estes metabólitos sob condições moderadamente ácidas e analisá-las usando o procedimento HPLC (Cromatografia Líquida) e por detecção ultravioleta, com confirmação por MS (Espectrometria de Massa). Numa análise de tecido de frango, o limite de detecção para cada metabólito foi de 0,02 a 0,06 ng/mL.
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