Redação (21/01/2009)- Houve um tempo em que refeição escolar era coisa de merendeira, aquela senhora que cozinhava em imensos panelões. Hoje, esse é o negócio que mais cresce no setor de refeições coletivas. Cresce tanto que uma das três maiores do ramo no Brasil, a Nutriplus, está se expandindo para a China. A empresa, fundada nos anos 80 em Salto, no interior de São Paulo, acaba de firmar uma joint venture com a China BBCA Group Corp, a maior estatal chinesa de alimentos, para exportar gêneros alimentícios.
"Vamos mandar para China vários tipos de alimentos, como carne, frango, soja, açúcar e café. A distribuição por lá, para escolas e outros consumidores, será feita pela BBCA", explica o presidente do Grupo JLJ, controlador da Nutriplus, Ignácio de Moraes Júnior. Toda operação que envolve a compra, a embalagem e o transporte dos alimentos até o porto de Santos ficará a cargo da empresa brasileira. As mercadorias serão desembarcadas no porto de Xangai, em um centro de distribuição que as duas empresas estão construindo lá, com investimento de US$ 20 milhões, 51% pela Nutriplis, 49% pela BBCA.
Mas nem só de clientes distantes vive a Nutriplus. "Acabamos de fechar um contrato no Paraguai para fornecer alimentação para 100 mil alunos da rede escolar do país vizinho", diz o presidente. Lá, a empresa, que tem 5 mil funcionários, deve contratar mais 720 pessoas para trabalhar nas cozinhas escolares.
"Seja a China ou o Paraguai, expandir para outros países é uma alternativa para não ficarmos na dependência do mercado interno, que no caso das refeições industriais, está em desaceleração", diz Júnior. Ele diz que muitas fábricas, principalmente as de autopeças, estão comprando menos refeições, uma vez que estão demitindo.
Por outro lado, o setor escolar – no qual a atividade da Nutriplus é focada – está em expansão, tanto no Brasil, quanto em outros países em desenvolvimento. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (Aberc), a venda de refeições para escolas deve crescer de 7% a 8% este ano. "Esse é um nicho muito novo, que começa a ser explorado agora", diz Antonio Guimarães, diretor superintendente da entidade. "Além disso, no caso de uma crise realmente se alastrar pelo país, as prefeituras, que administram as escolas públicas, cortarão o gasto com obras. Mas não vão cortar a merenda escolar, já que isso repercute muito mal", diz.
Segundo dados da entidade, as refeições escolares respondia, em 2005, por 4% do faturamento do setor, que no ano passado foi de R$ 9,5 bilhões – contra os R$ 8,4 de 2007. Em 2008, a alimentação escolar passou a representar 10% das vendas, sendo que 55% ficam com a indústria, 15% com serviços, 7% com o comércio e o restante se divide entre clientes hospitalares, órgãos públicos e diversos. Considerando uma retração mais forte no setor industrial, expansão da área escolar e manutenção do setor de saúde, a estimativa para 2009 é de que haja um crescimento nos negócios de refeições coletivas entre 2% e 3%.
Nutriplus expande negócio para a China com a BBCA
Empresa irá mandar para o oriente vários tipos de alimentos, como carne, frango, soja, açúcar e café.