Redação SI 13/05/2003 (Florianópolis/SC) – Começou hoje (13) pela manhã o II Seminário Internacional de Produção, Mercado e Qualidade da Carne de Suínos, em Florianópolis (SC). O evento está sendo realizado pela Embrapa Suínos e Aves e pela Gessulli Agribusiness. As rodadas de palestras seguem nesta terça-feira, até às 17h30, e terminam amanhã (14) às 12h30.
José Adão Braun, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), abriu as atividades deste II Seminário. Na seqüência, Pablo Marcos Marshall, representante da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), falou sobre o mercado internacional e as perspectivas para a carne suína brasileira em 2003. Marshall substituiu o diretor executivo da entidade, Cláudio Martins, que por viagem de última hora não pôde comparecer ao evento.
O representante da Abipecs disse que em 2003 o Brasil deverá exportar cerca de 550 mil toneladas de carne suína, tendo ainda como principal mercado comprador a Rússia. Marshall afirmou que uma comitiva da Abipecs esteve na semana passada na África do Sul, acertando negociações para futuros embarques do produto brasileiro para aquele país. “Os sul-africanos já são clientes da carne suína brasileira”, disse. “Estamos agora tentando aumentar o volume de embarque para a África do Sul”.
Fortes debates
Após a apresentação da Abipecs, o veterinário e pesquisador do Instituto Cepa/SC, Jurandi Machado, apresentou o resultado de sua pesquisa, realizada nos últimos 18 meses, em que ele pôde comprovar que a produção e a qualidade da carne suína brasileira são maiores do que as que vinham sendo até então divulgadas. Porém, Machado adiantou que para 2003 o alojamento de matrizes suínas no Brasil (tecnificadas e não) deverá diminuir cerca de 11,28%. A produção de carne suína neste ano, segundo as estimativas do Instituto Cepa, também deverá decrescer em torno de 3,7% sobre o total produzido em 2002. “No caminho inverso, no entanto, registramos um leve aumento na produtividade da suinocultura brasileira com o ganho de um leitão produzido por porca ao ano na média geral do País”, disse.
Logo após as apresentações dos dois primeiros palestrantes, houve uma sessão de debates em que os aproximadamente 250 participantes do seminário manifestaram-se com aplausos e gestos de afirmação. Alguns produtores e representantes de entidades de criadores pediram a palavra para solicitar a criação de um novo modelo para a suinocultura nacional, pois do modo como está, o produtor só perde, a agroindústria fatura em dólar e a rede varejista fica com a maior fatia do lucro da cadeia produtiva. “Isto não dá mais para suportar”, disse Valdomiro Ferreira Júnior, presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS). “O suinocultor não pode continuar produzindo em dólar e vendendo em real. É preciso que haja justiça entre todos os elos da cadeia; lucro para o produtor, lucro para a agroindústria e lucro para o varejo, mas de forma adequada e equilibrada”.
Braun sugeriu, durante o fervoroso debate, que se faça um documento com todos estes diagnósticos, tudo preto no branco, para mostrar a rela situação da suinocultura brasileira e que se encaminhe este documento ao Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (Mapa). “Precisamos de uma ação política e imediata”, disseo presidente. “O primeiro passo é esse, comprovar a situação drástica do suinocultor brasileiro perante toda a cadeia”.
Produtores, agroindústria e varejo
Seminário de Suinocultura começa com debate entre os elos da cadeia produtiva.