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Restrições ambientais: desafios e oportunidades

<p>As restrições ambientais à suinocultura foi o tema da palestra ministrada pelo pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Airton Kunz na manhã desta sexta feira (19/10) no 13 Congresso da Abraves.</p>

Redação SI (19/10/2007) – A produção de suínos em total harmonia com o meio-ambiente é hoje uma premissa básica para o desenvolvimento da atividade suinícola no Brasil e para a manutenção da participação brasileira no mercado internacional de carne suína.

A crescente valorização da sustentabilidade ambiental no mundo (e também de outros conceitos como bem-estar animal, rastreabilidade e segurança alimentar, por exemplo) está impondo uma série de mudanças à cadeia produtiva suinícola.

O grande desafio está em atender a esses pré-requisitos sem comprometer a eficiência do sistema produtivo e a competitividade do setor. Afinal, como atividade econômica a suinocultura precisa ser um sistema eficiente para ser rentável.

As restrições ambientais à suinocultura foi o tema da palestra ministrada pelo pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Airton Kunz no 13º Congresso da Abraves. A apresentação fez parte do Painel Magistral: Conhecimento e tecnologia frente aos desafios da suinocultura, realizado na manhã desta sexta-feira (19/10), último dia do congresso.

De acordo com Kunz, as transformações da suinocultura nos últimos 20 anos (com o aumento da escala e da concentração da produção) e o aumento das exigências mundiais em relação à preservação ambiental, intensificou a preocupação com o potencial poluidor da atividade. “Os países mais desenvolvidos estão cada vez mais preocupados com a emissão de nitrogênio feita por animais confinados, por exemplo”, explica o pesquisador.

Fator limitante para o desenvolvimento da suinocultura, a questão ambiental, explica Kunz, tem obrigado o setor a repensar seu modelo de produção. Com consumidores cada vez mais conscientes e exigentes as legislações ambientais estão ficando mais restritivas. “A variável ambiental tem cada vez mais peso na produção”, avalia o especialista. “Dessa forma, o setor tem – e terá – de trabalhar para corresponder a essas expectativas e atender essas exigências. Sejam elas do mercado nacional ou internacional” completa.

De acordo com Kunz, essa nova realidade não representa apenas ameaças para o setor, no entanto. A adequação às exigências ambientais podem também significar novas oportunidades para a atividade suinícola. “Podem significar o acesso a novos mercados, a agregação de valor através do mercado de Carbono ou através da geração de energia”, comenta o pesquisador. “A adoção de novas técnicas pode também contribuir para melhorar a imagem do setor junto à sociedade”.

 

Legislação rigorosa Durante sua apresentação, o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves falou também sobre como os países da Europa e os EUA abordam e regulam ambientalmente os sistemas de produção de proteína animal.

Tanto nos países europeus como nos EUA, a legislação ambiental vem ficando cada vez mais severa. Nos EUA, por exemplo, já existe uma legislação específica para sistemas de produção de animais confinados e são inúmeras as regras para a adaptação ambiental. “Nos EUA existem exigências legais para evitar a poluição das águas, por exemplo”, assinala Kunz. “Existe também uma Diretiva de Nitratos que os produtores precisam se enquadrar”.

Segundo o pesquisador, além da legislação rigorosa, os órgãos ambientais são muito atuantes nos EUA. “Por outro lado existe uma série de incentivos para os produtores que adotam ações e medidas que asseguram o desenvolvimento da suinocultura em consonância com o meio-ambiente. As medidas por lá não são apenas punitivas”, afirma Kunz. A legislação européia é igualmente bastante exigente.

Já no Brasil são poucos os Estados que possuem legislação específica. Apenas RS, SC, PR, MG e MS possuem legislações ambientais estaduais. As demais regiões do País seguem a legislação ambiental federal. “Não somos necessariamente obrigados a implementar por aqui o que os países europeus e os EUA fazem por lá”, comenta Kunz. “Apenas precisamos ficar atentos ao que eles fazem para poder promover as adequações ambientais necessárias para a manutenção da competitividade brasileira”, completa.