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Rússia trabalha para ser auto-suficiente na produção de suínos

<p>País ambiciona zerar sua balança comercial na área suinícola no menor tempo possível. Os desafios da suinocultura russa e do Leste Europeu foram discutidos nesta manhã, durante as atividades do Seminário da Agroceres. </p><p></p><p></p>

Redação SI 25/08/2006 Rússia, Romênia e Ucrânia têm, na área suinícola, uma ambição em comum: zerar a balança comercial e se tornarem pelo menos auto-suficientes na produção de suínos. A afirmação é de Ron Hovenier, gerente Técnico da PIC Europa, e foi dada durante sua apresentação, nesta manhã, no Seminário Internacional de Suinocultura.

Se os países do leste europeu obterão sucesso nessa difícil missão, ou ainda, em caso afirmativo, em quanto tempo essa tão almejada auto-suficiência será alcançada, Hovenier diz ser ainda muito cedo para responder.

Entretanto, condições para atingir esse objetivo os três países reúnem, afirma o gerente da PIC Europa. “Esses três países têm enorme potencial agrícola e já são exportadores de grãos. Todos contam com grandes extensões de terras disponíveis e custo relativamente baixo de mão-de-obra”, argumenta Hovenier. “Suas economias estão crescendo e a renda está aumentando. E existe um desejo genuíno de expandir rapidamente a base de matrizes nesses países”, completa.

Segundo o especialista, a produção de suínos na Rússia, Romênia e Ucrânia constitui-se atualmente numa atraente oportunidade de investimento. Projetos de larga escala estão sendo implementados, tanto por investidores estrangeiros quanto por empresas locais, e a demanda e consumo de carne suína continuarão crescendo num futuro próximo nesses três países.

O gigante adormecido acordou? – Na Rússia, em particular, argumenta o especialista, o enorme déficit da balança comercial de carne suína criou um grande desejo de reconstruir rapidamente a suinocultura local. “Tanto isso é verdade, que o Ministro da Agricultura da Rússia, Alksei Gordeev, declarou o ano de 2005 como sendo o ano suíno na Rússia”, afirma Hovenier.

Há anos, para proteger sua atividade suinícola, os russos praticam um extenso protecionismo através da imposição de um sistema de cotas. “Essa é uma prática que os brasileiros conhecem muito bem”, destaca.
Hoje existem vários projetos com novos investidores em andamento na Rússia. Segundo Hovenier, 1127 mil matrizes estão sendo postas em produção atualmente no País. “A mão-de-obra na Rússia é relativamente barata no setor de suínos. E os custos de produção da atividade são também relativamente baixos. São pré-requisitos importantes para o crescimento da atividade”, afirma. Atualmente, os custos de produção na Rússia são, em média, de US$ 1,2 por quilo de animal vivo.

Leste europeu – A palestra ministrada pelo gerente técnico da PIC foi uma boa oportunidade para conhecer melhor o setor suinícola de alguns países do leste europeu.

A Polônia, por exemplo, tem um rebanho de 1,9 milhão de matrizes, das quais apenas 500 mil estão em operações comerciais. O restante, ou seja, 1,4 milhão encontra-se em produção de fundo de quintal.
Os principais investidores na área suinícola, além das empresas locais são a Smithfield Foods – cuja meta é colocar 100 mil matrizes em produção e o Poldanor, grupo dinamarquês estabelecido em 1995 que detém 16 mil matrizes PIC em produção comercial e atualmente realiza multiplicação para a empresa de genética inglesa.

Apesar dos investimentos, a Polônia enfrenta alguns problemas que impedem um desenvolvimento mais ágil de sua suinocultura. Um dos principais, de acordo com Hovenier, é a baixa qualidade de carcaça devido à estrutura do setor.

Outro dado interessante é que apesar de ser auto-suficiente a Polônia tem uma produção 8% superior ao seu consumo interno – existe pouca demanda pelo excedente produzido. “Outro grande empecilho para o crescimento da suinocultura polonesa é a forte resistência local a produção em grande escala, que tem suporte político numa democracia ainda em desenvolvimento”, explica Hovenier.

Já a Romênia registrou nos últimos 15 anos uma acentuada redução de seu plantel suinícola. O plantel romeno de suínos encolheu de mais de um milhão de matrizes em 1989 para menos de 350 mil matrizes em 2006.

A suinocultura do país também tem atraído investimentos. Além dos empresários romenos locais, os principais investidores atualmente são: a Smithfield Foods que tem um investimento de US$ 850 milhões para serem administrados em cinco anos a espanhola Campofrio e a americana Natural Pork (EUA).

A Romênia igualmente tem, no entanto, sérios entraves para o desenvolvimento de sua atividade suinícola. O país ainda não ingressou na Comunidade Européia e assim que o fizer – a partir de janeiro do próximo ano – os suinocultores romenos não poderão mais contar com os subsídios fornecidos pelo governo.

Hoje, cada suinocultor recebe pelo menos U$ 50,00 por animal abatido. “O fim do subsídio aos produtores locais vai gerar um colapso na suinocultura romena”, avalia Hovenier.

Outro sério problema para o avanço da suinocultura romena é a recorrente ocorrência de problemas sanitários. A país ainda não conseguiu erradicar a Peste Suína Clássica e a Cólera de seu rebanho suíno.

Considerada o celeiro da Europa, a Ucrânia, segundo Hovenier, detém um enorme potencial agrícola. Mas potencial não paga contas, adverte. De acordo com o especialista, problemas políticos e econômicos retardaram a revolução agrícola na Ucrânia. “No entanto, ela inevitavelmente virá”, comenta Hovenier.
De acordo com ele, a PIC está fechando atualmente os primeiros contratos com novos investidores e a demanda por reprodutores, informa o especialista, disparou.