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Sadia e Nestlé disputam o crescente mercado de alimentos funcionais

<p>As duas gigantes lançam suas marcas de produtos com benefícios comprovados à saúde.</p>

Redação (08/05/06)- Depois do sucesso de empresas como Danone e Unilever no segmento de alimentos funcionais, outras gigantes do setor de alimentos – Nestlé e Sadia – lançam suas marcas de produtos com benefícios comprovados à saúde. Mais que o “diet” e o “light”, o consumidor agora quer se alimentar e, se possível, prevenir doenças. Segundo dados da A/C Nielsen, o faturamento do setor cresceu mais de 50% desde 2002 e já atinge R$ 518 milhões. Esse mercado surgiu no Brasil, há cerca de 40 anos, com os probióticos – produtos que contêm micro-organismos vivos, que favorecem o funcionamento do intestino. O mais famoso deles é o Yakult.

A categoria que mais impulsiona a expansão dos últimos quatro anos, porém, é a dos iogurtes funcionais, que também ajudam a regular o funcionamento do intestino. O faturamento dessa categoria subiu 407,3% entre maio/junho de 2004 e maio/junho de 2005. Foi justamente nessa área que a Nestlé decidiu apostar. A multinacional suíça escolheu a marca Molico, de produtos de baixa caloria, para assinar a nova linha. O novo produto leva o sobrenome Actifibras. Além do iogurte, a Nestlé também colocará no mercado a versão leite em pó. Entre os iogurtes, por enquanto, existem apenas dois concorrentes. A francesa Danone, que saiu na frente com o Activia e hoje possui 7% do mercado total de iogurtes, e a Batávia, que relançou no ano passado o Biofibras. Depois do Desafio Activia, campanha da Danone que ficou dois meses no ar e desafiou as consumidoras a usar o produto por quinze dias – o dinheiro seria devolvido caso não desse o resultado esperado – a Batávia prepara o contra-ataque para o segundo semestre: lançamento de novos sabores e uma ampla campanha de mídia, inclusive televisão. A Danone não informou sobre os resultados da campanha. “O ponto-de- venda tem dado destaque a esse tipo de produto e o consumidor começa a assimilar os benefícios”, diz Regina Boschini, gerente executiva de marketing da Batávia. O marketing desse tipo de produto é bastante dirigido: mulheres que possuem o “intestino preguiçoso” – um exército estimado em 30 milhões de pessoas. O produto custa cerca de 5% mais do que os iogurtes tradicionais. Embora ainda seja novidade, a Nestlé já considera os alimentos como uma das prioridades da empresa. “É o produto do futuro da indústria de alimentos e vai nos obrigar a melhorar a produtividade”, diz Carlos Faccina, diretor de assuntos corporativos. “Os alimentos funcionais têm duas grandes utilidades: agregar valor ao produto e torná-lo um diferencial importante para o consumidor.”

A Sadia escolheu a soja para trilhar o caminho dos funcionais – assim como a Unilever, a primeira a lançar o suco de soja Ades (hoje todas as marcas de suco criaram a sua versão em soja), que já tem mais de 70% de mercado. No caso da soja, o benefício está na isoflavona, que comprovadamente diminui os sintomas da menopausa. A linha de funcionais da Sadia é a Vita Soja que já tem quatro produtos. Segundo Gilberto Xandó, diretor comercial de mercado interno da Sadia, enquanto o light conta com a simpatia dos jovens e jovens adultos, o público consumidor de produtos à base de soja é mais maduro. O suco Ades, da Unilever, introduziu a categoria de bebidas à base de soja e, além de diferentes versões, já tem uma extensão de linha: os sorvetes Kibon Ades. No entanto, apesar de a soja estar presente na composição de todos os produtos, apenas o Ades Original Light tem registro na Anvisa como alimento funcional com base em estudos que comprovam a redução dos níveis de colesterol ruim no organismo.
Nessa área, portanto, não basta uma embalagem com design inovador e um produto de sabor agradável para chegar às gôndolas. É preciso passar pelo rígido crivo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que exige estudos científicos para classificar um alimento como funcional. “A velocidade da indústria nem sempre é compatível com a velocidade da academia”, afirma Maria Inês Genovesi, professora doutora do departamento de alimentos e nutrição experimental da USP. “A área da pesquisa detecta um benefício e a indústria quer colocar o produto rapidamente no mercado. E não é assim que funciona”, acrescenta. O apelo dos alimentos funcionais, porém, é muito atraente. E não apenas para a indústria, já que o produto colabora com os padrões de saúde pública. “A boa alimentação e nutrição é segredo para o desenvolvimento, e esses produtos reduzem os custos de saúde pública”, afirma Faccina, da Nestlé, que estima um crescimento de 35% para o mercado este ano. O alimento funcional começou a crescer de maneira expressina nos países desenvolvidos há oito anos e na América Latina há cerca de dois. “A população mundial quer prevenir doenças e o que move esse mercado é a idéia da prevenção através da alimentação”, observou Faccina.