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Sadia lança oferta para comprar a Perdigão

<p>Se concretizada, a operação resultará em uma companhia que terá cerca de 25% do mercado brasileiro de frangos e suínos.</p>

Redação (17/07/06)-  Maior empresa brasileira do setor de alimentos, a Sadia lançou uma oferta de compra de sua principal concorrente, a Perdigão, que pode chegar a R$ 3,723 bilhões. Se concretizada, a operação resultará em uma companhia que terá cerca de 25% do mercado brasileiro de frangos e suínos e será a quarta maior exportadora do País.

De acordo com a Sadia, com a concretização da operação, Sadia e Perdigão reunirão forças para enfrentar a possível desnacionalização de um setor no qual o Brasil possui importantes vantagens competitivas. Com a união das duas empresas, as receitas líquidas deverão ser superiores a R$ 12 bilhões, dos quais 50% provenientes de exportações. A nova corporação, segundo a Sadia, reunirá cerca de 81 mil empregados, além de 16 mil produtores rurais integrados.

A Sadia classificou sua proposta de “oferta pública voluntária”” de compra de ações da Perdigão. O sucesso depende da concordância dos detentores de pelo menos 50% mais uma das ações da empresa. Para seduzi-los, a Sadia está disposta a pagar R$ 27,88 por ação, valor equivalente à cotação média das ações da Perdigão nos 30 dias anteriores à data de apresentação da oferta, mais um prêmio de 35%. Segundo Sadia, “Esta união também vai assegurar capacidade de crescimento acelerado com solidez financeira, possibilitando, assim, maior geração de emprego e de riqueza para o País.”

Os principais acionistas da Perdigão são fundos de pensão, que detêm 47% do capital da empresa. Nenhum, individualmente, tem peso para vetar ou dar sinal verde à operação. A Previ, do Banco do Brasil, possui a maior participação, com 15,31% das ações ordinárias, que dão direito a voto e, por isso, definem o controle da companhia. A Previ também possui 9% do capital da Sadia. Os 53% restantes estão diluídos entre pequenos acionistas.

Walter Fontana Filho, presidente do Conselho de Administração da Sadia, disse que o assunto foi discutido nos últimos dois meses. A decisão final de apresentar a oferta foi aprovada na sexta-feira. Segundo ele, o principal objetivo da operação é criar uma empresa capaz de competir globalmente e de resistir ao processo de desnacionalização do setor. “Juntos, nós podemos deixar de ser caça e nos tornarmos caçadores””, disse Fontana.

Em 2004, a Seara (terceira empresa do setor, depois de Sadia e Perdigão) foi comprada pela norte-americana Cargill. Seis anos antes, a francesa Doux havia adquirido a quarta do ranking, a Frangosul. “Para competirmos no mercado internacional nós precisamos ser fortes e ter uma empresa de grande porte””, ressalta Fontana. Em sua avaliação, a nova companhia seria a terceira maior exportadora de proteína animal do mundo. Ainda assim, teria um tamanho equivalente a apenas 10% da Cargill, uma das gigantes mundiais no ramo de alimentos.

Os acionistas da Perdigão terão prazo até 24 de outubro para decidir se aceitam ou não a oferta da Sadia. A proposta está condicionada à sua aceitação por detentores de pelo menos 50% mais uma das ações. Mas o objetivo da Sadia, diz Fontana, é adquirir 100% das ações, o que levaria o valor da operação a R$ 3,723 bilhões.
Isso tornaria o negócio um dos maiores do mercado brasileiro dos últimos anos fora do setor financeiro. A venda de ações do Pão de Açúcar para o francês Casino, realizada em maio de 2005, por exemplo, somou R$ 2,1 bilhões e foi a maior operação já realizada entre empresas de varejo no País.

Além da concordância dos acionistas, a compra da Perdigão precisa da aprovação dos órgãos de defesa da concorrência. Fontana admite que haverá concentração de mercado em alguns segmentos, como presunto, no qual a nova empresa teria participação de 60%, e pratos prontos e pizzas congeladas, nos quais a presença pode atingir 70%. Nesses casos, a empresa pode ser obrigada a vender determinadas marcas ou produtos para viabilizar a compra da concorrente.