Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Sadia também disputa Globoaves

<p>A Sadia Alimentos propôs à paranaense Globoaves retomar a parceria que mantinham no abate de aves em Cascavel (PR), negócio que, se for concretizado, pode retardar a entrada da americana Tyson Foods no território brasileiro.</p>

Redação (13/12/06) – A empresa dos EUA negocia pelo menos desde meados do ano a formação de uma joint venture com a Globoaves, que é a maior produtora independente de pintos de corte do Brasil e teve receita líquida de R$ 152 milhões em 2005, segundo anuário da “Globo Rural”. O processo de due diligence inclusive já foi iniciado.

O Valor apurou que a Globoaves ainda não respondeu à proposta da Sadia, mas que a empresa paranaense “teria balançado”. Procuradas, nenhuma das duas companhias se pronunciou.

A Sadia, que faturou R$ 5,6 bilhões de janeiro a setembro deste ano, manteve parceria com a Globoaves por três anos, mas o contrato foi rescindido no fim do primeiro semestre de 2006 por causa da queda das exportações de carne de frango em função do pânico provocado pela gripe aviária sobretudo na Europa. A produção de frango na planta da Globoaves em Cascavel era destinada à exportação.

Com a perspectiva de que as exportações de carne de frango voltem a crescer em 2007 – já que o pânico com a influenza aviária arrefeceu – o maior frigorífico do Brasil precisa agora de mais produto para atender à demanda de seus importadores.

Segundo fontes do setor, a cartada da Sadia, propondo retomar a parceria com a Globoaves, seria também uma forma de proteção contra a entrada da gigante Tyson Foods no mercado brasileiro. A multinacional, com faturamento anual de US$ 26 bilhões, é hoje a segunda no ranking de produção de frango dos Estados Unidos, atrás da Pilgrim””s Pride que comprou este mês a Gold Kist.

Há anos a Tyson Foods tenta entrar no Brasil atraída pela competitividade e pela possibilidade de poder exportar frango para o mercado europeu, o que não pode fazer hoje já que as plantas americanas não têm essa permissão.

A Sadia também tenta, com a proposta, ampliar sua base de produção, após a frustrada tentativa de adquirir o controle da rival Perdigão depois de oferta hostil apresentada em julho deste ano, o que faria dela uma das maiores empresas de carne do mundo.

Na antiga parceria entre Sadia e Globoaves, a segunda fazia o abate de aves – 150 mil por dia -, que eram comercializadas e exportadas pela primeira. Ainda segundo apurou o Valor, a nova proposta da Sadia prevê um contrato de prestação de serviços mais longo do que o anterior.

Foi exatamente o fim do contrato entre Globoaves e Sadia que permitiu à paranaense iniciar as negociações com a Tyson. Na eventual joint venture entre as duas empresas, a multinacional teria participação de 55% a 65% e a brasileira teria até 45%. De acordo com apuração da reportagem, a Tyson entraria com aporte de R$ 70 milhões, valor que pode ser alterado já que a negociação envolve a unidade de Cascavel, que pertence à massa falida do frigorífico Chapecó. A Globoaves arrendou a unidade em 2004 e tem preferência de compra num futuro leilão da massa falida.

O fato de a operação envolver uma unidade que ainda terá de ir a leilão pode ser um ponto favorável à retomada da parceria entre Sadia e Globoaves, já que neste caso a situação da planta de Cascavel não interfere na operação.

A Globoaves mantém relacionamento comercial longo tanto com Sadia quanto com a Tyson. A empresa vende com exclusividade material genético de aves produzido pela Cobb Vantress, subsidiária da Tyson no Brasil. Além da parceria que teve com a Sadia, a Globoaves também fornece material genético para a companhia.