O milho safrinha ganha cada vez mais importância no Brasil. Essa constatação é geral entre pesquisadores e produtores rurais. A adoção de tecnologias influencia o aumento da cultura. O sistema de plantio direto e os benefícios da rotação de culturas têm levado um número crescente de agricultores a investir na segunda safra. Além disso, o uso de cultivares precoces tem proporcionado maior produtividade do milho safrinha.
Agora o grande desafio é tornar a segunda safra, além de uma boa opção técnica, mais rentável para o produtor. Este foi o enfoque dos primeiros debates do X Seminário Nacional de Milho Safrinha, que ocorre em Rio Verde, Goiás, até a próxima quinta-feira (26/11). Participam 475 inscritos, entre produtores, técnicos, pesquisadores, professores e estudantes.
Na abertura do evento, o professor Alessandro Guerra, presidente da comissão organizadora, destacou que é preciso superar os rendimentos obtidos na safrinha e disse esperar que as informações e debates do seminário possam contribuir para a evolução da cultura no país.
A chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Vera Maria Carvalho Alves, afirmou que as pesquisas agropecuárias devem buscar soluções que auxiliem a reduzir custos e melhorar a eficiência dos sistemas de produção. Esta afirmação foi reforçada pelo secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás, Leonardo Veloso, que ressaltou a influência exercida pelos aspectos mercadológico e de logística na safrinha. Para Veloso, os resultados das pesquisas devem aumentar não só a produtividade da cultura, mas também a margem de retorno do agricultor.
A primeira palestra do seminário abordou as perspectivas de mercado do milho safrinha e foi apresentada por Sílvio Farnese, coordenador geral da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Farnese demonstrou que a produção de milho safrinha deve aumentar cerca de 5% na safra 2009/10 em relação à anterior, passando de 17 para 18 milhões de toneladas, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
A produção total no Brasil, somando-se as duas safras, está em torno de 51,5 milhões de toneladas e pode ter um aumento de 2 a 2,5% no próximo ano. A partir da análise de oferta e demanda nos mercados nacional e internacional, Farnese afirmou que não há perspectivas de alteração de preços em 2010. Atualmente, o preço médio é de R$ 18,30 por saca de 60 quilos.
O palestrante fez um alerta aos produtores. Destacou que 20% da produção brasileira de milho foi comercializada este ano com apoio do governo, que dispõe de 5 milhões de toneladas em seus estoques. Farnese ressaltou a dificuldade para devolver essa produção ao mercado, o que pode gerar dificuldades de armazenamento nos próximos meses, quando for necessário estocar também soja. Além disso, o orçamento do governo para 2010 será mais apertado, o que dificulta repetir as operações para manutenção do preço do milho realizadas este ano na ordem de R$ 1,4 bilhão.
Para a safra 2009/10, os estoques iniciais no país estão em cerca de 10 milhões de toneladas. O preço mínimo terá aumento de 5,8%, passando para R$ 17,46 no sul, sudeste, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal; R$ 13,98 no Mato Grosso e Rondônia; e R$ 20,10 nas regiões nordeste e norte, exceto Rondônia.
Farnese prevê que haverá preços de mercado abaixo dos mínimos em regiões distantes de portos. Ele ressaltou que o frete onera bastante o custo e, por isso, é muito importante haver investimentos em infraestrutura de transporte para facilitar a comercialização.
O coordenador geral da Secretaria de Política Agrícola aconselha cada produtor a analisar sua realidade e fazer os cálculos para definir se compensa ou não fazer o plantio de milho. De toda forma, ele lembra a relevância da cultura para as diversas cadeias produtivas, como a da carne e a do leite.
Sobre a safrinha, Farnese afirma que o custo de produção é mais baixo e há melhoria das condições do solo para a safra de verão. “A rotação com milho e uma leguminosa, geralmente a soja, é muito saudável”, diz. Além disso, o preço de comercialização da safrinha tende a ser mais elevado, pois ocorre no segundo semestre, período de entressafra.