Há quase três anos, o Brasil parou para assistir uma das catástrofes da natureza mais impressionantes já registradas no país. Tornados destruíram praticamente uma cidade inteira em Santa Catarina, era Guaraciaba, no Extremo Oeste do estado.
Em meio a tanto desespero estava à suinocultura. Como uma das principais atividades econômicas do município, inúmeros produtores viram a destruição de praticamente todas as propriedades. Hoje, ainda há marcas que não permitem o esquecimento. Várias granjas foram reconstruídas. Suinocultores investiram novamente na atividade, acreditando no setor. Mas hoje, eles são vítimas de outro grave problema, a crise na suinocultura. “Trabalhamos muito, reerguemos tudo. E como não faríamos isso? Vi meu pai assistir tudo o que construiu sendo destruído, era nosso dever reconstruir”, destaca o suinocultor Clodoaldo Fontana.
Diversos produtores enfrentaram o mesmo problema e as mesmas dificuldades. Alguns desistiram e outros se reergueram acreditando que a atividade ainda ofereceria oportunidades. “Desde que as granjas foram reconstruídas com recursos próprios e com suor dos produtores e das famílias. E até hoje, não tivemos rentabilidade na atividade, por isso, as contas ainda estão pendentes, com os bancos, por exemplo,” explica o suinocultor Sérgio Thallheimer.
O Extremo Oeste Catarinense é uma região altamente produtora de carne suína. Também sofre muito com a falta de rentabilidade no setor. Mas falar em desistência por aqui, não é tão simples. “Pensamos nisso em vários momentos, mas não é fácil, as nossas granjas estão novas, estruturas com menos de três anos de utilização”, acrescenta Sérgio.
Assim como Sérgio, muitos tentam segurar as pontas. Após 20 dias do Manifesto realizado em Brasília, os produtores estão decepcionados com a falta de importância dada pelo Governo Federal. Até o momento o Ministério da Agricultura não cumpriu nenhuma medida anunciada. Nada passou pela aprovação do Conselho Monetário Nacional. A crise já provocou o fechamento de 400 granjas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. “Tínhamos a expectativa de resolver todos os problemas em Brasília, mas até agora nada foi feito”, pontua o suinocultor.
O Ministério da Agricultura afirmou que as medidas estão mantidas e devem ser aprovadas. A suinocultura também aguarda a aprovação da PGPM – Política de Garantia de Preço Mínico, na Câmara dos Deputados.
Mesmo sem notícias, a suinocultura não quer desistir. Na última semana mais de 400 pessoas participaram do Seminário da Suinocultura em Descanso, no Extremo Oeste Catarinense, uma programação baseada em informações e atualização deixou os produtores atentos. “A agricultura como qualquer outro negócio, sofre mudanças constantes, que precisam ser acompanhadas pelos produtores, para que eles não fiquem para trás”, completa o palestrante e Secretário Adjunto da Secretaria de Estado da Agricultura, Airton Spies.
A ACCS – Associação Catarinense de Criadores de Suínos, realizadora do evento através do Núcleo Municipal de Criadores de Suínos de Descanso, esteve presente e reforçou o compromisso que possui a suinocultura. “É uma grande satisfação realizar esse evento. Estamos felizes com o sucesso do Seminário e esperamos auxiliar para a recuperação do setor”, afirma o vice-presidente da ACCS, Vilson Spessatto. O presidente da ACCS, Losivanio Luiz de Lorenzi, reafirmou o compromisso. “É importante estar presente e apoiar o setor em todos os momentos, o nosso desejo é de que eles estejam fortalecidos para superar tudo isso”, finaliza.