Redação SI (06/06/07) – Essa foi uma das conclusões tiradas do Seminário Ponte com o Futuro, realizado pela Agroceres PIC no dia 29 de maio, em Contagem (MG), com a proposta de discutir o futuro da suinocultura e orientar os produtores sobre os riscos e oportunidades para essa atividade.
Por conta disso, o milho teve um capítulo à parte no seminário e a conclusão, segundo Fernando Pereira, diretor superintendente da Agroceres PIC, é que “a grande demanda internacional por milho não é um evento cíclico convencional. É uma mudança que traz fortes implicações estruturais, especialmente na composição dos custos e na competitividade entre os países produtores de grãos e carnes”.
Para a suinocultura, este cenário vem tendo um impacto negativo na rentabilidade, mas a situação deverá se reverter ao longo do tempo, pois o Brasil tem condições de aumentar ainda mais sua vantagem competitiva na produção de grãos (inclusive o milho) e carnes, em relação aos seus principais concorrentes internacionais.
Em 2007, a suinocultura deve exportar pelo menos 15% mais do que no ano anterior, alcançando volume próximo ao de 2005, de 625 mil toneladas. Porém, as melhores perspectivas para suinocultura devem acontecer mesmo em 2008/2009, quando a abertura de novos mercados deverá estar efetivamente acontecendo e a competitividade brasileira será maior, diante do novo cenário dos custos de produção.
Alem disso, em 2008/2009 está prevista uma redução da oferta de carne bovina, o que tende a beneficiar a carne suína. Num comparativo entre as duas carnes, a suína apresenta demanda crescente, atualmente em cerca de 13 kg per capita, enquanto o consumo da carne bovina encontra-se estável (30Kg per capita). A carne de frango, com consumo per capita 36 kg, deve retomar o ritmo de crescimento em 2007 (cerca de 6,1%), puxado principalmente pelo aumento das exportações, interrompido no ano passado por conta da gripe aviária na Ásia, que provocou, temporariamente, redução drástica de consumo desta carne na Europa.
Com este novo cenário dos grãos, Fernando Pereira concluiu reforçando alguns pontos que merecem forte atenção por parte dos suinocultores: estratégias de administração de riscos financeiros; conversão alimentar ganha ainda mais importância na atividade; e redução de novos investidores na suinocultura, por conta do maior capital necessário para as operações. Mencionou ainda alguns riscos importantes com os quais continuaremos convivendo, dentre eles o sanitário e a taxa de câmbio.
Com a proposta de oferecer novas ferramentas de gestão comercial para a atividade, o seminário ainda apresentou os benefícios dos contratos com a BM&F, através do palestrante Ivan Wedekin – ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e atual Diretor de Agronegócio e Energia da BM&F. Segundo Wedekin, o agronegócio é hoje uma atividade de risco e o contrato de futuro é uma ferramenta recomendada, pois facilita o planejamento dos negócios e garante o crédito e o preço pré-fixado.
Por fim, o seminário contou com a palestra de Klever Kolberg, piloto brasileiro que participa todos os anos do Rally Paris-Dakar, sendo portanto um grande especialista em planejamento e definição de estratégias e ações em ambientes extremamente competitivos. O evento em Contagem contou com a participação de cerca de 120 suinocultores dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.