O XVII Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (SNDS) realizou, na manhã desta quinta – feira, seu Painel 1 com o tema “A adaptação da suinocultura frente aos desafios de uma nova era”.
O objetivo foi discutir as necessidades da produção brasileira, além de debater os novos desafios e estratégias, tornando o setor produtivo o grande protagonista das próximas transformações estruturais da cadeia.
A cobertura completa será publicada na próxima edição da Revista da Suinocultura, da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). Confira destaques de cada um das palestras.
Nassar compartilha experiência sobre política agrícola
O engenheiro agrônomo André Nassar abriu, na manhã de hoje, o Painel 1 do XVII Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (SNDS), que ocorre até amanhã, no Hotel Tauá, em Atibaia (SP).
Ex-secretário de Política Agrícola do MAPA e com ampla experiência na iniciativa privada, ele aborda o tema “Política agrícola e mercado de grãos: fatos, tendências e oportunidades” e iniciou a palestra relatando suas experiências à frente do ministério.
“O ministério da Agricultura tem excepcionais profissionais mas precisa modernizar processos e ter mais autonomia em relação ao Ministério da Fazenda e o Banco Central. Quando se é um player do tamanho que somos no agronegócio, é indispensável uma estrutura para responder mais rápido e maneira moderna às demandas globais”, comentou.
Iuri pontua cinco desafios emergentes para o setor
O médico veterinário Iuri Machado abordou alguns dos desafios da suinocultura com a palestra “Produção de Suínos: à frente dos desafios de um mercado competitivo e globalizado” durante o Painel 1 do XVII SNDS.
“Destaco cinco frentes como foco da atenção para o suinocultor que ainda não está atento de que os tempos são outros e a realidade do mercado e da sociedade mudou. Eles são a biosseguridade, a gestão do negócio, o crescimento do ativismo, bem-estar animal e a restrição ao uso de antimicrobianos”, pontuou o especialista que preside a Comissão Nacional de Aves e Suínos da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA).
Quanto à redução ao uso de antimicrobianos, ele afirmou que é contra a eliminação do uso mas sim ao utilização responsável, associado a outras iniciativas para combater fatores como qualidade das instalações, manejo e outros.
“Biosseguridade, fluxo de produção, programas de limpeza e desinfecção, vazios sanitários, densidade de animais, reduzir mistura de animais, programas vacinais e ambiência são alguns dos pontos a serem implementados. Enfim, isso cria condições para mitigar o uso, mantendo o uso terapêutico e reduzindo o uso como indutores de crescimento”, resumiu.
Dra. Clavijo introduz debate sobre uso de antimicrobianos
A Dra. Maria José Clavijo, professora e pesquisadora da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, apresentou os principais tópicos sobre o tema “Antibióticos: uma era de exigências e adaptações”, durante o Painel I do XVII SNDS.
“A sociedade desconfia que os produtores estão fazendo algo de errado, governos são influenciados pelos eleitores e o setor é exigido por isso. Não existe risco zero em nenhuma situação, com ou sem o uso de antibióticos. No entanto, o aumento da resistência aos antibióticos é uma realidade global. E, por isso, adaptar a produção a esta nova realidade e, até ganhar eficiência, é um caminho de encontro com os consumidores”, defende.
Entidades apresentam posições sobre uso de antibióticos
O debate sobre o uso de antimicrobianos no XVII SNDS com representantes do MAPA, ABPA, Sindirações, SINDAN e da ABCS. Confira algumas das falas:
Luís Rangel, secretário de Defesa Agropecuária do Mapa
“O ministério quer avançar no tema mas sempre com a responsabilidade de manter a viabilidade do negócio da produção animal, seja aves, bovinos e suínos. Já dialogamos há tempos e vamos construir as soluções em conjunto, ainda que nossa preocupação principal seja a sanidade animal”, posicionou.
Ariel Mendes, diretor técnico da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal)
“O diálogo entre Mapa, ABPA, ABCS, Sindirações, SINDAN já ocorre há anos e tivemos um posicionamento claro quando a União Europeia começou a nos pressionar. Perdemos um aliado nesta disputa, que foram os Estados Unidos. A suinocultura chegou um pouco mais tarde pois não exportava para os mercados com este tipo de exigência. É uma questão muito importante”, encaminhou.
Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações
“Para separar o joio do trigo é analisar o risco, principalmente sobre quais são os fatores que levam à resistência bacteriana. Os europeus têm o princípio da precaução mas, para mim, é parte da conspiração contra a avaliação de risco baseada em ciência. Vejo, inclusive, que os americanos foram inocentes em mudar de posição. É possível reduzir, mas com alto investimento em infraestrutura e outros fatores”, frisou.
Christopher White, representante Sindan (Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos para a Saúde Animal)
“O uso responsável e prudente tem lugar no presente e no futuro, mas passa por mecanismos adicionais de controle. O principal seria o receituário veterinário. No entanto, fazê-lo de forma estruturada, como uma plataforma eletrônica, que demanda tempo, trabalho, mobilização, investimento, ou seja, não é tão simples e tão rápido”, sugeriu.
Nilo de Sá, diretor-executivo da ABCS
“Seja ciência, seja ativismo, é um assunto que temos que discutir pois está presente. O consumidor mudou e não busca apenas preço. No SNDS de 2015, trouxemos um representante dinamarquês para falar sobre o tema. A ABCS chamou a responsabilidade de discutir isso e construir a melhores condições para os produtores brasileiros, que devem ter suas peculiaridades respeitadas. Um pequeno produtor não deve ser tratado de maneira igual a um grande. Não acreditamos em banimento, mas no uso prudente”, afirmou.