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Economia

Suinocultores otimistas

Com suínos na Expointer, produtor esquece problemas com H1N1 e apresenta animais com melhoramento genético.

Suinocultores otimistas

Os criadores estão acostumados com a comercialização de animais na Expointer, o que é um termômetro para os negócios da agropecuária gaúcha. Para o suinocultor, mais do que vender o plantel, a maior feira agropecuária da América Latina representa a vitrine para os futuros negócios no campo. O retorno dos suínos à feira neste ano é um triunfo para os produtores e para a população, o que significa que a circulação do vírus H1N1, conhecido como causador da Gripe A ou gripe suína, como pejorativamente ficou conhecida, é algo do passado.

“A decisão de não trazer os suínos foi para proteger os animais e evitar a contaminação. Para este ano, a expectativa é de recuperação dos negócios perdidos em 2009”, ressalta o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador. A entidade projeta vendas na casa dos R$ 50 mil.

Além disso, apresentar os animais na Expointer significa derrubar o preconceito que ainda existe em relação à produção dos animais. “A suinocultura vem sendo trabalhada para mostrar a profissionalização da produção. O consumidor ainda acredita que os animais são criados no fundo do quintal. No entanto, o porco recebe alimentos de primeira qualidade. E a carne resultante é tão segura e saudável quanto a do bovino e do a frango. A Expointer serve para mostrar isso”, acrescenta Folador. Segundo o dirigente, a dieta do animal é constituída em 65% de milho, 30% de farelo de soja, além de vitaminas e água. A alimentação equilibrada é o pré-requisito para a carne de qualidade que chega à mesa do consumidor.

Para este ano, a empolgação do retorno à feira resultou em 147 animais inscritos. Quase metade deles, 75 exemplares, pertencem a três granjas. “Os animais expostos são de primeira qualidade. Não há espaço para os animais que estiverem fora dos padrões que o mercado exige”, afirma Valdecir Folador.

Os padrões na produção do suíno de qualidade vão além da alimentação equilibrada. As propriedades devem atender às exigências técnicas de sustentabilidade ambiental. Os dejetos dos animais precisam ser armazenados de 90 a 120 dias em lagoas de concreto ou lona. Após este período, os resíduos podem ser utilizados na agricultura como adubo para a recuperação do solo. Com a medida, o criador economiza ao comprar menor quantidade de fertilizantes.

Suíno ‘light” produz carne mais leve e saudável

O criador Ilanio Pedro Johner, proprietário da Granja Balduíno, de Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari, comemora o fato de retornar para a feira com 19 animais para exposição. O produtor não revela números, mas acredita que pode fazer bons contatos para fornecer animais a criadores gaúchos e de outros estados. No Rio Grande do Sul, Johner vende machos reprodutores para seis agroindústrias. “A Expointer é a melhor vitrine para mostrar a genética em suínos. É a feira que mais repercute para os expositores”, comemora o criador de um plantel de aproximadamente 500 animais.

Quando fala em genética, Johner se refere ao suíno MS115, mais conhecido como suíno light. O produtor tem exclusividade no Rio Grande do Sul para multiplicar machos MS115 e vende reprodutores para o Maranhão, Piauí e Paraná. A raça é um cruzamento entre as variedades Pietran, Large White e Duroc. A melhoria genética foi desenvolvida pela Embrapa Suínos de Concórdia, em Santa Catarina. A raça surgiu no estado vizinho a partir do ano 2000 com a variedade MS60 e tem vantagens ao consumidor no que se refere a uma carne mais leve e saudável. O nome MS115 indica que o animal tem bom rendimento de carne magra até atingir os 115 quilos. “Os animais filhotes do melhoramento genético vão ter uma melhor conversão alimentar, ou seja, uma menor quantidade de ração é necessária para produzir um quilo de carne ao ser abatido”, explica o supervisor da área de Transferência de Tecnologia – Suínos, da Embrapa Suínos e aves, Nilson Woloszyn. O criador também tem vantagem na venda do produto, pois o rendimento de carne magra na carcaça é maior, o que em geral, alcança maior valor de comercialização. O quilo do suíno vivo chega a R$ 2,65.

O casal Guilherme e Vanessa Brochier, de Montenegro, passou pelo pavilhão dos suínos e admirava uma fêmea com leitões de poucos dias. “Não imaginava que o cuidado com os animais fosse tão rigoroso”, afirma o metalúrgico ao se referir à qualidade das unidades expostas na feira. “Consumimos carne de porco, mas com cautela”, ainda pouco convencido de que o suíno seja leve.

E é para incentivar o consumo que, no próximo dia 31 de agosto, vai ser lançado o Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS) durante a Expointer no Parque de Exposições de Esteio. A parceria entre a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ACBS), Confederação Nacional de Agricultura, Acsurs e Sebrae pretende aumentar a participação da carne suína na cesta básica do brasileiro. Devem ser investidos R$ 9 milhões em três anos na geração de conhecimento na produção, industrialização e comercialização dos produtos.