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Tyson mais perto de acordo com Globoaves

<p>As negociações que resultarão na entrada da Tyson Foods no Brasil estão na reta final.</p>

Redação (13/11/06) – A gigante americana, maior processadora de carnes do mundo, negocia a formação de uma joint venture com a paranaense Globoaves, maior produtora independente de pintos de corte do país, e o processo de “due dilligence” para a conclusão da parceria deve finalmente começar nos próximos dias, segundo fontes que acompanham as negociações.

O processo de “due dilligence” deveria ter sido realizado em junho deste ano. De acordo com as mesmas fontes, isso não aconteceu porque as partes não chegaram a um acordo sobre valores. As divergências foram aparentemente superadas e a auditoria agora deve durar 30 dias. Com faturamento anual de US$ 26 bilhões, a Tyson poderá aproveitar a plataforma brasileira para elevar suas exportações de carne de frango para o mercado europeu, para onde as unidades instaladas nos EUA não têm aval para vender.

O Valor apurou que na nova empresa que será criada em parceria com a Globoaves, a multinacional terá participação de 55% a 65%, enquanto a brasileira ficará com até 45%. O aporte da Tyson no negócio deverá somar R$ 70 milhões, mas como a transação envolve uma fábrica arrendada pela Globoaves em Cascavel (PR), o valor pode mudar. É que a unidade pertencia ao frigorífico Chapecó, que faliu e irá a leilão. Nesse leilão, o frigorífico paranaense tem preferência, daí a confiança do grupo americano em fechar a joint venture mesmo antes da realização da disputa. Estima-se que a fábrica será arrematada por R$ 24 milhões.

A parte dos R$ 70 milhões que não será usada no leilão irá para os cofres da Globoaves, uma vez que a empresa brasileira já realizou uma série de benfeitorias em Cascavel e que a nova empresa que resultará da joint venture herdará a fábrica de ração da empresa brasileira em Toledo (PR), além de seus integrados que criam frangos para abate. Em princípio não se trata de uma aquisição, porque a Globoaves permanecerá sozinha em negócios envolvendo pintos de corte e ovos.

Procurada, a Globoaves preferiu não se pronunciar. Por telefone, Gary Mickelson, porta-voz da Tyson nos EUA, confirmou a negociação, mas disse que o grupo só se pronunciará a respeito “no momento apropriado”. Segundo as fontes próximas das negociações, o escritório de advocacia Pinheiro Neto e a auditoria Trevisan assessoram a múlti americana no Brasil.

Globoaves e Tyson são parceiras desde 1994. A empresa brasileira – cuja receita líquida foi de R$ 152 milhões em 2005, segundo anuário da “Globo Rural”, e abate cerca de 140 mil aves por dia – vende com exclusividade material genético de aves produzido pela Cobb Vantress, subsidiária da Tyson que mantém operações no Brasil.

“O Brasil [maior país exportador de carne de frango do mundo] é estratégico para as companhias americanas pela presença em mercados onde os EUA não estão”, disse um executivo do Conselho dos Exportadores de Frango dos EUA (USAPEEC, na sigla em inglês). Os custos brasileiros para a produção de ração e frango também são entre 15% e 20% menores.

Rodrigo Pasin, da Value Assessoria e Consultoria Empresarial e adviser da Globoaves, também confirmou as negociações e disse que a Tyson quer começar a operar no Brasil no início de 2007. Segundo ele, as empresas têm planos de construir, no futuro, uma planta para a produção de produtos industrializados de frango voltados à exportação.