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Uma nova atitude

<p>Em entrevista, Antonio Mário Penz Jr. Fala sobre a retirada dos antimicrobianos da produção suinícola e aponta uma mudança de atitude frente aos novos paradigmas.</p>

Redação SI (19/10/2007) – O pesquisador e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Antonio Mario Penz Jr., abordou na manhã de hoje (19/10) dentro do Congresso da Abraves, a questão do banimento dos antimicrobianos. Nesta entrevista ele prega uma mudança de atitude frente a uma nova suinocultura, que será mais exigente sem os AMD’s. Comenta também que o setor pode aprender com o que já foi feito na Europa, onde se estudo o assunto há mais de 20 anos.

 

Suinocultura Industrial Em sua palestra o sr. pregou uma mudança de atitude frente aos novos desafios da suinocultura, principalmente com relação a retirada dos Antibióticos Melhoradores de Desempenho (AMD). Como deve ser este novo comportamento?

Antônio Mário Penz Jr. Quando pedi uma mudança de atitude estou vendo a cadeia como um todo. Normalmente tentamos passar para o outro a responsabilidade de solucionar um problema. Na suinocultura, eu acho que todos nós fazemos parte deste problema. E neste momento, a grande dificuldade que estou vendo não é uma solução simples. Quando falo em mudança de atitude, é no sentido de que cada segmento trate de melhorar aquilo que lhe é correspondente. Por exemplo, em nutrição, que é o que eu posso falar, nós precisamos nos preocupar mais com a qualidade do alimento que oferecemos para os animais.

 

SI – E que outras atitudes são possíveis?

Mário Penz Existem várias atitudes que podemos colocar em prática que são simples e estamos relegando para segundo plano. Em determinado momento elas farão a diferença. O assunto da minha apresentação aqui tratava do banimento dos antimicrobianos, que é um fato inevitável. É irreversível. Se nós quisermos jogar neste mundo competitivo em que estamos jogando, temos que estar preparados para isto. Na avicultura nós abrangemos outros países mais exigentes e já aprendemos o caminho. Então, o que digo em relação à suinocultura é que já temos uma experiência de competência em fazer isto no Brasil em um setor próximo. O que temos agora é que fazer.

 

SI – O sr. citou que o principal gargalo com relação a retirada de antimicrobianos está na creche. Foi um problema na Europa e será aqui também?

Mário Penz Foi um problema na Europa e já é um problema no Brasil. A creche é o grande desafio do negócio suinícola. Por quê? Porque até ele sair da mãe, bem ou mal, ele está com sua grande parceira, na qual ele encontra alimento disponível. De um momento para outro, ele deixa aquela origem, deixa toda uma relação social, de alimentação, nutricional e sanitária e vai assumir sua vida por conta própria. A partir deste momento, na creche, qualquer desafio será por conta do animal. Então sempre a creche será o grande desafio nosso.

 

SI – O que tem substituído os antimicrobianos na produção suinícola?

Mário Penz Quando se substitui os ditos Antibióticos Melhoradores de Desempenho nós temos que ser mais zelosos em nosso dia-a-dia. As instalações têm que ser revisadas, o programa de alimentação tem que ser revisado e os aditivos que estão disponíveis hoje, para cada um dos momentos… Eu até não consigo julgar qual o melhor ou qual o pior. A verdade é que os europeus trabalham há 20 anos com o tema e tem muito a nos ensinar. Nós vencemos uma etapa, não precisamos redescobrir a roda. O que temos que fazer é entender as limitações destas alternativas que dispomos hoje em nossa mão.

 

SI – Na Europa, com o banimento dos melhoradores de desempenho houve um aumento do uso terapêutico dos antibióticos. Como equalizar esta situação?

Mário Penz Se aumentar o uso terapêutico e quem promoveu este aumento foi um profissional competente, eu não tenho nenhum problema com isto. Por exemplo, quando eu tenho um problema bacteriano, por uma semana tomo um determinado bactericida, que é a substância que o médico me prescreve. Aumentou o meu consumo daquele princípio ativo, mas se eu tiver orientação técnica, tenho que aumentar mesmo. Na Europa aumentou o uso terapêutico na produção animal, mas já está diminuindo porque se começa a entender melhor os animais dentro de uma nova situação. Então, é possível que ocorra o mesmo no Brasil. Não tenho dúvidas. Agora, quem estará prescrevendo? É alguém com qualificação? Então, o governo está certo ao criar limitações de quem deve realmente prescrevem este tipo de produto.