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XX Congresso: Malásia, Índia e México, mercados para o Brasil

<p>Abef revela negociações e aponta potenciais mercados para o frango brasileiro em 2008.</p>

Lohbauer. Acessar a Malásia pode abrir as portas dos mercados islâmicos da Ásia

O Brasil vem trabalhando desde 2006 para acessar o mercado malaio. O país asiático é auto-suficiente na produção avícola e não deve representar grandes volumes exportados, mas suas rígidas normas ligadas ao abate halal servem de referência a outros países islâmicos. Acessando a Malásia, o frango brasileiro terá facilitada sua entrada na Indonésia, mercado de um milhão de toneladas, e Filipinas, consumo interno de 500 mil toneladas. De acordo com Christian Lohbauer, presidente executivo interino da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), uma comitiva do Ministério da Agricultura da Malásia virá ao Brasil visitar 11 plantas processadoras de frango de oito empresas brasileiras. “O Brasil possui uma estrutura de abate halal que já atende todos os outros mercados islâmicos, mas a Malásia é importante por estar desenvolvendo um projeto para se tornar referência nesta área”, aponta.

Inicialmente o Brasil embarcaria matéria-prima para a produção local de nuggets e outros industrializados. O acesso, no entanto, também pode gerar uma joint venture às empresas brasileiras. Lohbauer explica que a Malásia possui um projeto para construir o maior parque industrial de processamento de carnes do mundo. Nele, as indústrias de todo o planeta poderiam fabricar seus produtos e vendê-los com sua própria marca. "Esta é uma grande possibilidade que se abre às empresas brasileiras, mas que depende da abertura do mercado para se tornar possível”, afirma Lohbauer.

O dirigente da Abef também aponta a Índia como outro foco na abertura de mercados. Hoje, a produção indiana atende a demanda de seu consumidor interno, mas o país é estratégico para o futuro. A Índia vem passando por diversas transformações, como a criação de uma classe média e deslocamento da população do campo para as cidades. A tendência é de aumento na demanda por alimentos. “Este é um objetivo de médio prazo”, afirma Lohbauer. Segundo explica, ainda faltaria uma melhor infra-estrutura em sistemas de refrigeração e uma maior presença de supermercados no país, por exemplo. “São gargalos que tendem a ser superados no futuro”, complementa.

Uma negociação que se arrasta há 5 anos é com o México. Ao todo, três rodadas de documentação já foram realizadas neste período, mas sem um resultado positivo. Há pouco mais de um ano o foco em torno do mercado mexicano mudou, surgindo a oportunidade de acessá-lo via carne CMS (Carne Mecanicamente Separada). Mesmo assim, os pedidos de documentação têm travado o andamento das negociações. A participação do México no NAFTA (Tratado Norte-americano de Livre Comércio) dá preferência ao comércio entre os três países. No caso do fornecimento de CMS, os produtores americanos estão tendo dificuldades em atender a necessidade de sua própria indústria. Por isto, os processadores mexicanos – que adquirem matéria-prima deles – tem se preocupado em buscar alternativas. Da demanda total do México por produtos avícolas, há um déficit de 500 mil toneladas. Deste total, 95% é importado dos Estados Unidos e o restante do Chile. Segundo Lohbauer, se o Brasil entrar no mercado mexicano com CMS, ele terá de aumentar sua produção, que hoje – além do uso interno – tem como destino principal a África do Sul.