O mais completo sistema de informação de recursos genéticos animais da Américas do Sul e do Norte, o Alelo Animal/ Animal GRIN, colaboração internacional entre Estados Unidos, Canadá e Brasil, agora tem seus dados disponíveis para pesquisa de todos os países membros da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO). Isso porque a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF) validou um software que envia dados do Alelo Animal para o Sistema de Informação sobre Diversidade de Animais Domésticos (DAD-IS), mantido e desenvolvido por aquela agência das Nações Unidas.
Desenvolvido pelo analista Eduardo Cajueiro em parceria com técnicos norte-americanos e da área de informática da FAO, a ferramenta chamada de API conecta diretamente o sistema do Alelo Animal da Embrapa ao DAD-IS da FAO. “Se mais países usarem a mesma base de dados, todos estaremos falando a mesma língua e acessando os mesmos dados e esse é o maior objetivo. Se mais países usam o Alelo Animal, aí teremos mais informação agregada por animal (fenotípica, genômica, material biológico armazenado ou criopreservado) o fluxo de informação será mais rápido e os países poderão ser mais ágeis em obter materiais promissores que eles queiram usar”, comenta o pesquisador Samuel Rezende Paiva, representante do Brasil no Grupo Técnico Intergovernamental de Trabalho sobre Recursos Genéticos Animais para Alimentos e Agricultura (WG AnGR) da Comissão de Recursos Genéticos da FAO, reunião bianual que este ano de 2021, devido à pandemia da Covid-19, ocorreu virtualmente, no mês de maio.
Supervisor da área de recursos genéticos animais da Embrapa, Paiva e os representantes dos países membros da FAO no WG AnGR avaliaram as políticas públicas e direcionamentos do setor. Ele acredita que, para além do compartilhamento de informações, o compartilhamento do Alelo Animal diretamente para o DAD-IS ajudará na tomada de decisões de outros países a seguir o mesmo exemplo.
Segundo o analista Eduardo Cajueiro toda a parte de tecnologia da informática para o software foi desenvolvida pensando em dados de interesse da comunidade científica. “O Alelo Animal tem uma tela de interface (aquela telinha de entrada no sistema que todas as plataformas tem) que é para dialogar com o usuário, colocando à disposição qual espécie, ano e localização dos animais pesquisados”, comenta o analista. “A FAO cria um protocolo API (senha para cada país) para as instituições que desejarem se conectar”, complementa Cajueiro.
De acordo com o analista de TI da Embrapa a Supervisão de Curadorias Animal é que tem a responsabilidade de organizar os dados. A Embrapa responde pelo Brasil e, para tanto, tem informações sobre o que existe em todos os bancos genéticos da Empresa, bem como articula com outras Instituições que conservam recursos genéticos animais no Brasil. Dados referentes ao tamanho do rebanho de raças, por exemplo, são de responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), embora a compilação dos mesmos para inserção no Alelo Animal e deste para o DAD-IS seja do curador de recursos genéticos animais.
Saiba mais sobre o Alelo Animal
Desde 2015 os bancos de dados do Brasil e dos Estados Unidos sobre recursos genéticos animais vêm sendo compartilhados ou, ainda, têm uma base única. O Alelo Animal (como é chamado no país) foi o primeiro sistema internacional para armazenamento de informações genéticas, produtivas e de árvore genealógica que nasceu com objetivo de proporcionar acesso ágil e padronizado aos bancos de germoplasma e às informações genômicas animais dos dois países.
A ferramenta, que nos Estados Unidos e Canadá é chamada de Animal-GRIN (sigla em inglês para Rede de Informações de Recursos Genéticos), é fruto de esforços conjuntos de pesquisadores e programadores da Embrapa, do Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA-ARS) e da Agriculture and Agri-Food Canada (AAFC).