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Genoma do milho

<p>Estudo americano anuncia o sequenciamento completo do genoma do milho. Informações deverão ajudar na melhoria do cereal.</p>

Pesquisadores americanos anunciaram ontem o sequenciamento completo do genoma do milho. Um conjunto de artigos, publicados nas revistas Science e Public Library of Sciences Genetics, descreve as descobertas dos estudiosos.

O mapa genético revela a história da evolução natural do milho e oferece um conjunto de informações que vai ajudar a melhorar a espécie, com a criação de variedades mais resistentes a pragas ou com maior produtividade.

Cerca de 150 cientistas de diferentes centros de pesquisa participaram da iniciativa, dirigida pela Universidade Washington em Saint Louis.

Eles identificaram 32 mil genes organizados em 10 pares de cromossomos que formam o genoma do milho. O genoma humano possui 20 mil genes distribuídos em 23 pares de cromossomos. O código genético do milho contém 2,3 bilhões de bases químicas de DNA as letras químicas que definem um ser vivo. O genoma humano conta com 2,9 bilhões de bases de DNA.

Os cientistas afirmam que o trabalho poderá ter repercussões importantes nos setores alimentar e energético. O milho é o terceiro cereal em produtividade, atrás apenas do arroz e do sorgo, e serve como base para a produção de itens tão distintos como a pipoca e o etanol.

“As empresas que produzem grãos e os especialistas em genética do milho vão se lançar sobre os dados para encontrar seus genes favoritos”, afirmou Richard Wilson, diretor do Centro do Genoma da Faculdade de Medicina da Universidade Washington. O estudo foi financiado pela Fundação Nacional das Ciências e pelos departamentos governamentais americanos de agricultura e energia.

Variabilidade
O milho foi domesticado há 10 mil anos e descende de uma planta mexicana chamada teosinto. A capacidade de adaptação do cereal sempre impressionou os cientistas: hoje há milhares de variedades, adaptadas aos mais diversos usos, temperaturas e altitudes.
O genoma oferece uma pista para a variabilidade. Cerca de 85% dos segmentos de DNA são elementos de transposição, ou seja, trechos de informações genéticas que podem se destacar de uma região e acoplar-se em outra, introduzindo novas características à planta. Também há vários genes duplicados ou quadruplicados, o que aumenta as chances de surgir uma variação genética benéfica e diminui o impacto de uma mutação prejudicial.
“Duas coisas são incríveis”, afirma Fábio Freitas, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. “A capacidade de adaptação do milho às mais variadas condições e, ao mesmo tempo, a estabilidade do genoma que, com tantas transformações, mantém a viabilidade”.
Os cientistas escolheram a variedade B73 para sequenciar, caracterizada por uma alta produtividade. Freitas pondera que, agora, seria conveniente sequenciar outras variedades para comparar as particularidades de cada genoma.

Alimento
Os pesquisadores Fusheng Wei e Jianwei Zhang, do Instituto de Genômica do Arizona, coautores do trabalho, destacam que “o mundo enfrenta uma demanda alimentar crescente e também necessita de biocombustíveis para combater o aquecimento global”.
Segundo a ONU, a produção de alimentos no mundo deverá aumentar 70% nos próximos 40 anos para saciar uma população mundial que alcançará 9,3 bilhões de pessoas em 2050.
“Avanços como o sequenciamento do genoma do milho são a única forma de alcançar tais índices de produção alimentar”, pondera Colin Kaltenbach, da Universidade do Arizona.
Novas variedades produzidas com engenharia genética poderão aumentar a produtividade em regiões com grande limitação de espaço ou solos mais pobres.