Com um cenário de negócios em franca expansão após investimentos expressivos de quase R$ 400 milhões em duas novas granjas no Paraná e em Santa Catarina, as empresas de genética suína estão mirando a abertura de mercados internacionais, com destaque para a China, e buscando ampliar os negócios com países do Sudeste Asiático, da América Latina e com a Rússia. O objetivo é consolidar o Brasil como uma fonte alternativa e confiável num mercado tradicionalmente dominado pelos Estados Unidos e Canadá.
A Agroceres PIC lidera os investimentos nesse setor, com um aporte significativo de R$ 332 milhões na Granja Gênesis, em Paranavaí (PR). Essa é a maior núcleo genético da América Latina e uma das instalações mais modernas do mundo, dedicada à produção de reprodutores de elite no Brasil. Com capacidade para alojar 3,6 mil fêmeas em 22 galpões, a Granja Gênesis utilizará animais importados dos EUA para atender tanto ao mercado interno quanto às exportações para países da América do Sul, com previsão de início das operações ainda neste mês.
Outro investimento relevante foi feito pela Topigs Norsvin, que destinou mais de R$ 40 milhões para a instalação do Inovare Núcleo Genético em Lages (SC). Essa unidade, prevista para receber os suínos no meio do ano e iniciar a produção de reprodutores em 2025, faz parte dos esforços das empresas para expandir a produção e atender à demanda crescente.
Em conjunto, as novas granjas de núcleo genético têm capacidade para alojar 4,6 mil fêmeas de elite e potencial de produção de mais de 15 mil avós e bisavós por ano, além de seis mil machos reprodutores, todos de alto nível genético. Essas instalações são cruciais para o desenvolvimento e aprimoramento dos animais utilizados no melhoramento genético dos rebanhos, focando em aspectos como conversão alimentar, qualidade da carne, produção de cortes nobres e fecundidade.
A Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos (Abegs) e o Ministério da Agricultura já estão em contato com autoridades chinesas para viabilizar o comércio de material genético. A China, que detém o maior plantel suíno do mundo e está intensificando sua suinocultura, representa um mercado de grande potencial para o setor nacional.
Atualmente, a Argentina é o principal importador da genética suína brasileira, adquirindo cerca de um terço da produção nacional. Além disso, o Brasil já exporta para outros países da América Latina, como Bolívia e Paraguai, e está buscando ampliar os negócios com Chile e Colômbia, mercados recentemente abertos.
A entrada no mercado chinês é vista como uma oportunidade significativa, uma vez que a China busca diversificar suas fontes de suprimento. Apesar de possuir granjas de melhoramento genético, a China ainda importa material genético dos Estados Unidos e Canadá. A volatilidade nas relações comerciais com esses países, muitas vezes afetadas por questões políticas, torna o Brasil uma alternativa mais estável e confiável.
No entanto, desafios como a guerra entre Rússia e Ucrânia têm impacto nas exportações para a Rússia, onde o mercado está aberto, mas a logística é afetada. A exportação de suínos reprodutores para longas distâncias ocorre principalmente via aérea, enquanto para países vizinhos, o transporte é terrestre.
O Brasil, com seu território livre de doenças de grande impacto econômico presentes no Hemisfério Norte, é visto como uma plataforma de exportação confiável para as multinacionais do setor, semelhante ao que ocorreu na avicultura.
Os investimentos recentes nas granjas de genética suína visam fortalecer ainda mais a presença do Brasil no mercado global, garantindo tanto a oferta de produtos de alta qualidade quanto a autossuficiência interna no setor. Com um papel fundamental na produção suína nacional, a genética representa um segmento estratégico, com impacto direto em uma parte significativa do faturamento total da suinocultura brasileira.
Em 2023, o Brasil exportou 82 toneladas de suínos destinados ao melhoramento genético, gerando um faturamento de US$ 827 mil. Embora o país não exporte sêmen congelado, as importações