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Bioenergia

Pinhão-manso já serve a biodiesel comercial

<p>Pesquisas mostram que, se esmagada, torta do insumo pode ser aproveitada na produção de ração animal.</p>

A Fusermann Óleos Vegetais acaba de dar início ao esmagamento de pinhão-manso em sua fábrica, localizada em Barbacena (MG). A estreia da companhia, criada em 2004 e com atividades iniciadas em 2007, é também a do país: esta é a primeira vez que se esmaga pinhão-manso no Brasil com fins comerciais.

O óleo obtido a partir do pinhão-manso terá a produção de biodiesel como destino. A unidade da Fusermann para a fabricação do combustível, que consumirá investimento de R$ 3 milhões, está quase concluída e entrará em operação em fevereiro de 2010, segundo o cronograma estabelecido pela companhia.

“O pinhão-manso não concorre com os alimentos e tem a produtividade por hectare mais alta entre as oleaginosas [usadas para a produção de biodiesel], com exceção do dendê”, diz Luciano Piovesan Leme, diretor executivo e um dos sócios da Fusermann.

As pesquisas com pinhão-manso têm crescido no país. Um dos seus atrativos é justamente o fato de que a oleaginosa não pode ser usada na alimentação humana ou para a fabricação de rações para animais – a torta obtida após o esmagamento é venenosa, mas também estão em andamento pesquisas para que ela possa ser aproveitada na produção de ração.

Tenta-se, com a disseminação da oleaginosa, diminuir a dependência que o Brasil ainda tem da soja para a produção de biodiesel. Segundo os dados mais recentes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que retratam o mercado em julho, o óleo de soja foi o responsável por quase 80% do biodiesel produzido. Em um longínquo segundo lugar aparece a gordura bovina, com 14,6%.

Ainda não dá para dizer que o pinhão-manso é a resposta a todos os problemas da indústria nacional de biodiesel, longe disso. Sequer há no país variedades com cultivo autorizado pelo Ministério do Agricultura. O esmagamento realizado pela Fusermann ou os plantios Brasil afora ocorrem porque uma Instrução Normativa do ministério, de 14 de janeiro de 2008, autoriza o cultivo da oleaginosa sob a condição de que o produtor manifeste estar ciente de que está trabalhando com uma cultura que ainda tem limitações técnicas.

Atualmente, a Fusermann dedica-se na produção e venda de óleo vegetal obtido a partir do esmagamento de caroço de algodão e amendoim – cerca de 70% do óleo de amendoim produzido pela companhia é exportado. O início do esmagamento comercial do pinhão-manso antecede o projeto da empresa de entrar no mercado de biodiesel, afirma o diretor Luciano Leme – não apenas a Fusermann, mas também outras empresas, já esmagaram pinhão-manso no país. Isso sempre ocorreu, contudo, em fases de testes.

A empresa faz parte de um consórcio formado por seis outras companhias, batizado de Jatropha BR, criado para uma cooperação mútua no desenvolvimento da cultura. Essas empresas têm pequena área própria de plantio, mas oferecem assistência técnica a agricultores que depois se comprometem a vender a produção para elas – do grupo faz parte, entre outras, a Caramuru. Somadas, áreas próprias e de terceiros já são de mais de 40 mil hectares.