Quatro anos depois de ser lançada nos EUA, a segunda geração de milho transgênico finalmente chega ao Brasil. Na noite de ontem, para um seleto grupo de produtores da região de Ribeirão Preto, a Monsanto apresentou a nova tecnologia, que combina duas proteínas e promete resistência aos três tipos mais comuns de lagartas que atacam as lavouras de milho – do cartucho, da espiga e a broca-do-colmo. A tecnologia foi liberada para pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para cultivo comercial em outubro de 2009.
A multinacional vai disponibilizar a nova variedade já para a safra de verão e a expectativa é de que 10% da área plantada seja cultivada com a tecnologia. Incluindo todas as variedades geneticamente modificadas – de primeira e de segunda geração – a estimativa é de uma participação de 65% de toda a área plantada no país.
“A segunda geração de milho permitirá um controle maior e mais eficiente. Ela permitirá uma redução ainda maior de custos em comparação à primeira e também ganhos adicionais de produtividade”, afirma André Franco, diretor de marketing da Monsanto.
Pelos testes realizados, o índice de aplicação de inseticidas contra as lagartas tende a zero para a nova tecnologia. Na primeira geração, 80% dos produtores declararam não ter feito nenhuma aplicação, enquanto os 20% restantes fizeram apenas uma. Para as variedades convencionais, as aplicações para lagartas variavam de duas a oito.
No quesito produtividade as estatísticas indicam um ganho de 6% a 10% para as variedades geneticamente modificadas de primeira geração em comparação aos híbridos convencionais. “Para a nova tecnologia os levantamentos preliminares mostram ganhos entre 3% e 7% sobre as variedades de primeira geração”, afirma Franco.
No que se refere à estratégia de mercado, a Monsanto utilizará, em um primeiro momento, apenas as suas marcas para comercializar a tecnologia. A marca Dekalb irá liderar essa distribuição por ter a maior quantidade de híbridos disponíveis, mas as marcas Sementes Agroceres e Agroeste também terão híbridos disponíveis com a combinação das duas proteínas.
As empresas produtoras de sementes parceiras da Monsanto terão acesso à nova tecnologia, mas apenas em um segundo momento. As grandes concorrentes, no entanto, como Syngenta, Agroceres e Pioneer optaram por usar plataformas próprias, segundo Franco, e não venderão seus híbridos com a nova tecnologia da Monsanto.
O acesso ao milho resistente aos três tipos de lagartas terá um preço. Segundo Franco, o valor da semente ainda não está definido, mas será superior. “As novas sementes serão mais caras que as sementes da primeira geração, mas os benefícios também serão maiores”, afirma o executivo.