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Soja resistente à ferrugem asiática

<p>Segundo Embrapa, Brasil terá variedade de soja resistente à ferrugem asiática na safra 2009/2010.</p>

O Brasil não é apenas um dos maiores produtores mundiais de soja. O país também é referência no desenvolvimento de novas tecnologias para a sojicultura, destaca o coordenador do projeto de melhoramento de soja da Embrapa, Carlos Arrobal. Na safra 2009/2010, adianta o pesquisador, a estatal lançará uma variedade do grão resistente à ferrugem asiática.

Resultado de 13 anos de pesquisas, a nova variedade estará à disposição dos produtores de Goiás, Minas Gerais, do Distrito Federal e norte de São Paulo. A nova cultivar, que recebeu o nome de soja BRSGO 7560, foi lançada durante o 5º Congresso Brasileiro de Soja – Mercosoja 2009, realizado em Goiânia, no mês de maio.

“A principal característica [da nova cultivar] é a resistência à ferrugem asiática. Todo o projeto foi desenvolvido em sistema de parceria com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Goiás”, diz o pesquisador da Embrapa, Odilon Lemos. As pesquisas, orçadas em R$ 7 milhões, estão sendo feitas com recursos púbicos – a maior parte deles proveniente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Mesmo com o lançamento da nova cultivar, o pesquisador recomenda aos agricultores que mantenham as demais práticas agrícolas para o manejo da ferrugem. “A vantagem é que se trata de uma variedade precoce, que fica menos tempo exposta à doença. Isso o que o produtor mais quer.”

A soja é plantada nos meses de outubro e novembro. Em meados de janeiro, já é possível fazer a colheita dessa nova cultivar. Essa é a grande diferença: a cultivar completa o ciclo em torno de 110 dias, enquanto a soja normal é colhida até 150 dias após plantio. “Como se trata de uma variedade resistente, é grande a expectativa dos produtores para que o produto seja lançado comercialmente”, diz o pesquisador da Embrapa.

Vazio Sanitário

Entre junho e outubro, durante a entressafra, os estados brasileiros produtores de soja adotam o vazio sanitário, por recomendação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Num período de 60 a 90 dias, não pode haver plantas vivas em parques, praças e nem mesmo grãos derramados nas rodovias nessas unidades da Federação. O objetivo é um só: impedir a germinação da planta para que as lavouras não sejam contaminadas pela ferrugem asiática – doença que já provocou prejuízos estimados US$ 13,4 bilhões aos sojicultores.

Segundo a pesquisadora Claudia Godoy, da Embrapa Soja, em Londrina (PR), o vazio sanitário visa a reduzir a sobrevivência do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática, principal doença da soja e de alto potencial destrutivo. O fungo, acrescenta a técnica da estatal, ataca as plantas, prejudicando a formação de grãos, com perdas econômicas significativas nas lavouras.

“Nove anos após o surgimento dos primeiros focos no Brasil, a estimativa é que a ferrugem asiática tenha provocado prejuízos de US$ 13,4 bilhões, somando os custos do controle, perdas na colheita e a queda na arrecadação com a cultura”, diz Claudia. Em cada safra, assinala, os prejuízos com a doença chegam a cerca de US$ 2 bilhões para os agricultores e poderiam ser bem maiores não fosse a interrupção do plantio.

Com a adoção do vazio sanitário, a aplicação de fungicidas nas lavouras foi reduzida. “Alguns produtores chegavam a fazer sete aplicações durante o ciclo de desenvolvimento da planta. Com a introdução do vazio sanitário e consequentemente sem a proliferação do fungo causador da doença, esse número caiu para, no máximo, 2,5 aplicações. É um resultado muito bom.”

O vazio sanitário começou em Mato Grosso e em Goiás, em 2006. A partir de 2007, passou a ser adotado por Mato Grosso do Sul, pelo Tocantins, por São Paulo, Minas Gerais, pelo Distrito Federal e Maranhão. No ano passado, foi introduzido no Paraná e na Bahia. Neste ano, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina implantaram o sistema a partir de junho. Todas essas unidades da Federação seguem instruções normativas locais.

A preocupação em combater a ferrugem asiática deve-se à grande importância da soja para o agronegócio brasileiro. De acordo com o chefe de administração da Embrapa Soja, Amélio Dall’ Agnol, a oleaginosa é o produto mais importante na pauta brasileira de exportações.

“Em 2008, as exportações brasileiras somaram US$ 200 bilhões. Desse total, US$ 17 bilhões foram provenientes da soja, sem contar os benefícios econômicos indiretos da produção do grão”, lembra Dall’ Agnol.

Do total plantado com grãos no Brasil, 47% são de soja. Cerca de 4,5 milhões de pessoas vivem direta e indiretamente da produção da oleaginosa no país. A área cultivada na atual safra foi de 21,73 milhões de hectares, onde devem ser produzidas 57,14 milhões de toneladas, conforme as últimas estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o período 2008/2009.

O Brasil é o segundo maior produtor de soja no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, e caminha para assumir a liderança num futuro próximo, prevê o chefe da Embrapa Soja.