Disruptivas e em rápida evolução, as novas frentes tecnológicas do melhoramento genético estão redefinindo os padrões de eficiência produtiva, econômica e de sustentabilidade na suinocultura.
Por Nevton Hector Brun, gerente de produção da Agroceres PIC
A genética tem sido, ao longo do tempo, o motor das grandes transformações na suinocultura. Fator tecnológico influente, é ela que define o máximo potencial de desempenho dos suínos, posicionando-se como o principal vetor de novos saltos de eficiência e qualidade.
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O rápido avanço da tecnologia nos últimos anos e o consequente desenvolvimento de novas ferramentas de melhoramento genético põem essa contribuição em nova perspectiva.
A intensificação da genômica, a evolução da bioinformática e o advento da edição de genes, aliados ao crescente uso de dispositivos digitais nos núcleos de elite, têm possibilitado um progresso genético ainda mais veloz e apurado.
São inovadoras tecnologias de melhoramento genético que, integradas a modernos gadgets eletrônicos – como câmeras, sensores inteligentes, softwares para monitoramento do comportamento animal e avançados sistemas de coleta de dados -, proporcionam uma acurácia sem precedentes à seleção genética.
Essa nova fronteira tecnológica tem permitido entregar aos produtores os melhores animais, gerando impactos expressivos para a eficiência dos sistemas de produção e a qualidade final da carne suína, beneficiando toda a cadeia produtiva, o consumidor e a sociedade.
Dinâmica e disruptiva, essa evolução vem redefinindo os padrões de eficiência produtiva, econômica e de sustentabilidade na suinocultura.
GENÔMICA: ROMPENDO FRONTEIRAS
A intensificação do uso da genômica é um dos exemplos mais marcantes dessa revolução tecnológica. Ramo da genética molecular que estuda toda a informação hereditária contida no DNA de um organismo, a genômica tem aprimorado o melhoramento genético de suínos, tornando-o mais consistente e eficaz.
Ao mapear o código genético, essa técnica permite identificar com maior precisão os genes responsáveis por características de grande impacto econômico, acelerando o progresso genético dos animais numa escala inédita.
Os resultados no campo são significativos. A genômica não apenas acentua os avanços dos programas de atualização genética, como garante a entrega de animais mais produtivos e robustos, ampliando os ganhos de eficiência e rentabilidade nas unidades de produção.
RESISTÊNCIA GENÉTICA A ENFERMIDADES
Outra grande frente atual do melhoramento genético de suínos é o aumento da longevidade e da resiliência dos animais. A edição de genes, voltada à produção de suínos resistentes a doenças de alto impacto em mortalidade e bem-estar animal, já é uma realidade.
Um exemplo notável é o desenvolvimento de suínos totalmente tolerantes ao vírus da Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRSv), uma doença que causa enormes prejuízos à suinocultura global. Esses animais já foram cientificamente testados e estão prestes a chegar ao mercado.
Países como o Brasil e Colômbia já emitiram determinações regulatórias positivas para a comercialização de suínos geneticamente editados. Os trâmites para a regulamentação e liberação comercial desse tipo de tecnologia também estão em estágio legal adiantado nos Estados Unidos, China, Canadá, Nova Zelândia, México e Japão.
Tecnologia de ruptura, a edição de genes oferece benefícios não apenas para a cadeia produtiva, aumentando a eficiência e reduzindo perdas, mas também para a sociedade. Ela eleva o bem-estar animal e promove uma produção mais sustentável e ética, com menor uso de medicamentos.
O IMPACTO DA BIOINFORMÁTICA
Junto à seleção genômica e à edição de genes, o incremento do uso de tecnologias digitais e, sobretudo, o avanço da bioinformática têm sustentado a evolução do melhoramento genético de suínos.
A utilização de sensores, câmeras, celulares, tablets e recursos de Realidade Aumentada nos Núcleos Genéticos aumenta a confiabilidade e a gestão das informações, permitindo uma tomada de decisão mais rápida e precisa. Uma das áreas tecnológicas atuais de grande impacto é a de automação dos processos de seleção física e de avaliação comportamental dos suínos.
São dispositivos e equipamentos digitais importantes, que permitem monitorar o desempenho de cada animal em tempo real, identificam padrões e tendências e orientam a seleção de reprodutores de alta qualidade, melhorando continuamente a eficiência reprodutiva e produtiva e o padrão genético dos plantéis.
O verdadeiro avanço, entretanto, se dá quando esses dados brutos são transformados em conhecimento estratégico. É nesse ponto que a bioinformática, uma área interdisciplinar que une biologia, ciência da computação, estatística e matemática, desempenha seu papel. Sua capacidade de processar grandes volumes de dados genéticos em tempo real a torna uma peça-chave na revolução tecnológica do setor.
Confira:
