A apresentação de variedades geneticamente modificadas de milho atraiu a atenção dos produtores durante a Agrovia 2009, em Itapeva. “Acredito que as variedades transgênicas incrementarão a produção de milho na região e no País, mas é indispensável que as técnicas adequadas de manejo, como o refúgio, sejam seguidas”, diz o agrônomo Silva.
O “refúgio” consiste no plantio de milho convencional em parte da área a ser cultivada na lavoura transgênica, com o objetivo de preservar a eficiência da tecnologia do milho modificado, mantendo uma população de pragas-alvo sensíveis às proteínas com efeito inseticida do cultivar transgênico.
Entre 2007 e 2008, o Brasil aprovou seis variedades de milho geneticamente modificado, permitindo ao agricultor cultivar plantas resistentes a insetos, tolerantes a herbicidas e que possuem as duas características.
Segundo o pesquisador da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq/USP), Ernesto Paterniani, as chances do aparecimento (seleção) e da proliferação de indivíduos resistentes aumenta visivelmente numa cultura homogênea, seja ela transgênica ou convencional. “A resistência de populações de insetos-praga às práticas de controle é uma realidade de todas as plantações de milho, independentemente da tecnologia aplicada”, afirma. “O refúgio é a maneira mais eficiente para conservar o desempenho ideal do produto, já que seu uso diminui quase a zero a resistência das pragas.”
Conforme recomendações da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), o refúgio deve ser formado por um bloco de milho convencional que se encontre a menos de 800 metros do milho transgênico e que ocupe no mínimo 10% da área total de milho plantado. Ambas as plantações devem estar localizadas na mesma propriedade e serem manejadas pelo mesmo agricultor. Além disso, o milho convencional plantado na área de refúgio deve ter ciclo vegetativo similar ao do grão transgênico.
Satisfação
Os produtores têm se mostrado satisfeitos com os resultados da colheita. Além da considerável redução das aplicações de inseticidas, os agricultores notaram outras vantagens, como aumento da produtividade e melhor aparência das plantas. Por exigir menor aplicação de inseticidas, esse milho pode, segundo os produtores, auxiliar na preservação do meio ambiente e reduzir os gastos com o controle fitossanitário da cultura. A redução de custo da produção se reflete ainda no menor uso de maquinário, mão de obra e inseticidas.
A aceitação do milho geneticamente modificado é confirmada por pesquisa recente do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. De acordo com os professores Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho e Lucio Rogerio Alves, os benefícios obtidos pelos produtores é que determinarão a velocidade da adoção desta nova tecnologia. De acordo com o agrônomo Vandir Daniel da Silva, a pouca disponibilidade de sementes é um fator limitante. “Na região sudoeste, apenas 30% da demanda será atendida.”