As importações de soja pela China atingiram um recorde de 105 milhões de toneladas em 2024, um aumento de 6,5% em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados pelo governo chinês. O volume superou a marca histórica de 2023, quando foram importadas 103 milhões de toneladas, consolidando o país como o maior comprador mundial do grão.
Fatores que Impulsionaram as Importações
Ale Delara, sócio da Pine Agronegócios, explicou que o aumento foi impulsionado por fatores geopolíticos e econômicos. Desde novembro de 2023, a China intensificou as compras de soja americana devido ao aumento das tensões comerciais com os Estados Unidos, em meio à ascensão de Donald Trump nas pesquisas presidenciais.
“A aceleração ocorreu principalmente entre esmagadores privados chineses, aproveitando margens positivas e temendo novas tarifas sobre produtos americanos”, afirmou Delara.
Outro fator determinante foi a necessidade de antecipar embarques antes de possíveis novas taxas, considerando que o transporte marítimo pode levar até 60 dias, o que aumentaria os custos alfandegários.
Perspectivas para 2025
Para 2025, o analista acredita que a China manterá o apetite pelo grão, mesmo diante de mudanças no cenário político dos EUA. “É provável que tarifas entre 5% e 10% sejam implementadas no primeiro semestre, mas a China possui ferramentas de barganha mais robustas do que em 2018”, analisou Delara.
O Brasil, principal fornecedor de soja para a China, segue em posição de destaque. A safra brasileira, com potencial de atingir 170 milhões de toneladas, será decisiva. A China já adquiriu grande parte da produção brasileira e está abastecida até maio, mas novas compras podem ocorrer com a evolução da colheita e eventuais quedas nos prêmios portuários.
“A capacidade da colheita brasileira em alcançar seu potencial máximo será fundamental para determinar o ritmo das importações chinesas nos próximos meses”, concluiu Delara.
Impacto Global
Com a China consolidando sua posição como maior importador de soja e o Brasil como seu principal fornecedor, o comércio do grão deve permanecer central na dinâmica do agronegócio global em 2025, influenciando preços e estratégias de mercado em ambos os países.