O eventual retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos está aumentando a pressão de baixa sobre as cotações internacionais de soja e milho, que já estão no menor patamar em quatro anos. A volta de Trump pode reacender a guerra comercial dos EUA com a China, afetando a demanda pelos grãos americanos, segundo analistas.
Neste ano, a soja já caiu 20,11% na bolsa de Chicago, e o milho recuou 18,23%, devido à perspectiva de oferta elevada nos EUA na safra 2024/25. Se Trump voltar à Casa Branca, as cotações podem se depreciar ainda mais por causa da expectativa de uma nova guerra comercial entre EUA e China. Essa guerra seria prejudicial para a soja americana e, possivelmente, para o milho devido às críticas de Trump ao México, um grande comprador de milho dos EUA.
Durante a presidência anterior de Trump, ele impôs tarifas de 25% na importação de produtos chineses, levando Pequim a restringir produtos americanos. Na época, o Brasil preencheu a lacuna deixada pelos EUA nas exportações de soja para a China, beneficiando-se da disputa comercial. Se uma nova guerra comercial estourar, o Brasil pode se beneficiar novamente.
A analista Marcela Marini do Rabobank observa que a possibilidade de Trump voltar ao poder ainda não foi precificada pelos investidores em Chicago. Ela menciona que a China já vem reduzindo o ritmo de compras de soja americana e aumentando as aquisições do Brasil e da Argentina.
Independente do resultado da eleição, a tendência de queda dos preços já é uma realidade devido às previsões de alta produção nos EUA. O USDA prevê uma safra de 120,70 milhões de toneladas de soja no ciclo 2024/25, com um aumento de 6,5% em relação à temporada anterior e estoques finais aumentando 26,1%. No caso do milho, a expectativa é de uma ligeira queda na colheita, mas os estoques crescerão 11,7%.
A queda nos preços também se deve ao aumento de 22% nas reservas de soja e milho dos EUA em relação ao ano passado, conforme o relatório de estoques trimestral do USDA. Após picos de preço em 2022 devido à pandemia de COVID-19, era esperado que os preços passassem por correções.
Entretanto, fatores climáticos como o fenômeno La Niña ou a temporada de furacões podem reverter a tendência de queda se afetarem negativamente a produção americana, assim como irregularidades climáticas que impactem o plantio da safra 2024/25 no Brasil em setembro.