A recente desvalorização do real frente ao dólar tem aquecido as vendas de soja e milho no Brasil, com expectativas de que essa tendência continue em 2025, favorecendo os preços das commodities em reais para exportação. Segundo a Brandalizze Consulting, 33% da safra 2024/25 de soja já foi negociada, acima da média histórica. O consultor Vlamir Brandalizze ressalta que produtores têm aproveitado o cenário cambial para antecipar negócios. No entanto, o analista Luiz Fernando Roque, da Safras & Mercado, alerta que, embora o câmbio beneficie as exportações, a alta produção e estoques elevados nos EUA, Brasil e Argentina podem pressionar os preços até o início de 2025.
No milho, os preços também subiram, influenciados pela demanda interna aquecida e pela depreciação do real. De acordo com Paulo Molinari, da Safras & Mercado, o mercado deve permanecer firme no primeiro semestre de 2025, com preços elevados até a colheita da safrinha.
Além disso, fatores climáticos e questões comerciais internacionais podem afetar o mercado. Nos EUA, há especulações de uma nova guerra comercial com a China, impulsionada pelo recém-eleito presidente Donald Trump, que poderá beneficiar as exportações brasileiras de soja. Em sua gestão anterior, Trump impôs tarifas a produtos chineses, abrindo espaço para que o Brasil aumentasse em até 15 milhões de toneladas suas vendas de soja para a China.
Para os produtores brasileiros, como Marcos Feldhaus, a estratégia de comercialização é de venda em dólar, buscando evitar a volatilidade do real. Já outros, como Márcio Sechele, mantêm uma postura mais cautelosa devido às incertezas climáticas, especialmente com o histórico de condições desfavoráveis no último ciclo.
Essa conjuntura reforça o dinamismo do mercado brasileiro de commodities, onde fatores como câmbio, clima e cenário internacional impactam diretamente as estratégias de venda e as perspectivas de lucratividade dos produtores.