As exportações brasileiras de soja em grão registraram um crescimento significativo em julho de 2024. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o volume exportado alcançou 11,25 milhões de toneladas, representando um aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado dos últimos 12 meses, o Brasil exportou 104,97 milhões de toneladas, um crescimento de 15,8% em comparação ao período anterior.
Apesar do aumento no volume exportado, a receita gerada pelas exportações de soja apresentou uma ligeira queda. Em julho, a receita FOB totalizou US$ 4,987 bilhões, um crescimento de 5,3% sobre o mesmo mês de 2023. Contudo, no acumulado anual, a receita caiu 2,4%, atingindo US$ 48,251 bilhões, frente aos US$ 49,416 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior.
O mercado interno de soja também foi influenciado pela valorização do dólar. No dia 28 de agosto, o preço da soja no Porto de Paranaguá subiu para R$ 132,78 por saca de 60 quilos, um aumento de 0,43% em relação ao dia anterior, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Essa valorização reflete a alta de 2,5% do dólar, que fechou a semana cotado a R$ 5,63. Embora a soja tenha registrado dois dias consecutivos de alta, o mês de agosto ainda apresenta uma queda acumulada de 3,21%.
No cenário internacional, no entanto, a soja apresentou uma queda. Os contratos futuros de novembro na Bolsa de Chicago, os mais negociados, caíram 0,96%, sendo cotados a US$ 9,77 por bushel. O mercado internacional vem operando em baixa desde o início de agosto, acumulando uma desvalorização de 3,70%. A queda nos preços foi influenciada pelas chuvas em importantes estados produtores dos EUA, como Illinois, Indiana e Ohio, o que aumenta a expectativa de uma safra robusta.
A produção de soja no Paraná, um dos principais estados produtores do Brasil, também está em alta. A primeira estimativa para a safra 2024/25, divulgada pelo Departamento de Economia Rural (Deral), projeta um aumento de 20% na produção, totalizando 22,3 milhões de toneladas. A área plantada deve crescer 0,5%, atingindo 5,8 milhões de hectares. A soja ocupa mais de 90% da área plantada de grãos no estado, com maior concentração no sul e norte do Paraná.
Enquanto a soja apresenta crescimento, a produção de milho no Paraná deve enfrentar uma redução significativa. O Deral estima uma queda de 9,6% na área plantada para o ciclo 2024/25, totalizando 267,7 mil hectares, a menor da história. A produção de milho, no entanto, deve aumentar para 2,7 milhões de toneladas, em comparação aos 2,5 milhões de toneladas da safra anterior.
O cenário para o trigo no Paraná é mais desafiador. O Deral prevê uma queda de 14% na produção de trigo em 2024, com uma estimativa de 3,1 milhões de toneladas. A seca e a geada que atingiram o norte do estado foram determinantes para a redução na produtividade, com um quarto das lavouras em condições ruins. Por outro lado, a cevada, menos afetada pelo clima, deve ter uma safra 19% maior que a de 2023, totalizando 331,5 mil toneladas.
No mercado internacional, a demanda por soja dos Estados Unidos cresceu significativamente na última semana, impulsionando os preços na Bolsa de Chicago. As vendas líquidas de soja americana somaram 2,6 milhões de toneladas na semana encerrada em 22 de agosto, superando as expectativas do mercado. Vlamir Brandalizze, consultor de mercado, destacou que a restrição das exportações de óleo de palma pela Índia, juntamente com a liberação das importações de outros óleos vegetais, favoreceu a valorização do óleo de soja, contribuindo para a alta das cotações.
Em resumo, o mercado de soja segue dinâmico, com fatores internos e externos influenciando tanto os preços quanto a produção. Enquanto o Brasil expande suas exportações e o Paraná projeta um aumento significativo na produção, o mercado internacional responde a variações climáticas e decisões políticas que impactam as cotações e a demanda global.
Fonte: Jox/Secex