As empresas da cadeia produtiva da soja no Brasil vão investir R$ 5,76 bilhões na construção e expansão de novas plantas industriais nos próximos 12 meses, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Embora o montante seja 4% menor que os R$ 6 bilhões investidos no último ano, ainda representa um valor expressivo. Nos três anos anteriores, entre 2020 e 2022, os investimentos foram significativamente menores, somando R$ 2,5 bilhões.
De acordo com Daniel Amaral, economista-chefe da Abiove, a leve queda nos investimentos se deve à capacidade ociosa atual, mas ainda reflete a confiança das empresas no crescimento da demanda no longo prazo. Nos últimos 12 meses, a capacidade instalada das indústrias de soja aumentou 4,5%, atingindo 72,3 milhões de toneladas anuais, com uma ociosidade de 24,6%.
Entre os principais projetos de expansão estão a construção de cinco novas esmagadoras de soja e a ampliação de outras cinco plantas, aumentando a capacidade produtiva diária para 238,41 mil toneladas. Esse acréscimo deve preparar o setor para a possível safra recorde de 2024/25 e para o aumento da demanda por óleo de soja, principalmente utilizado na produção de biodiesel, e farelo, usado na ração animal.
A produção de biodiesel no Brasil, que deverá alcançar 10,1 bilhões de litros em 2025, também é impulsionada por legislações que aumentam a mistura obrigatória do biocombustível no diesel fóssil, com previsão de chegar a 20% até 2030, conforme o programa Combustível do Futuro. O setor de carnes bovina, suína e de aves, que depende de farelo de soja para alimentação animal, também projeta crescimento, o que deve aquecer a demanda interna.
Entre os novos investimentos em plantas industriais destacam-se a construção de uma unidade de processamento de 5 mil toneladas diárias de soja em Palmeiras de Goiás (GO) pela Cooperativa Comigo, com aporte de R$ 1,3 bilhão, e a instalação de uma fábrica da Olfar em Porangatu (GO), com capacidade de 3 mil toneladas diárias. Outras iniciativas, como a construção de uma usina de biodiesel no Paraná pelo Grupo Potencial e a ampliação de capacidade da Caramuru Alimentos em Goiás, reforçam o otimismo do setor.
Esses investimentos preparam o Brasil para uma nova fase de crescimento no agronegócio, aproveitando tanto a previsão de uma safra recorde de 166,3 milhões de toneladas de soja quanto as oportunidades geradas pela maior demanda por biodiesel e ração animal.