O avanço da colheita de milho safrinha do ciclo 2023/24 no Brasil aumentou a oferta no mercado interno, fazendo com que os preços do cereal caíssem abaixo do custo de produção em quase todas as regiões de negociação.
Impactos Regionais:
- Mato Grosso: Principal estado produtor de milho do Brasil, Mato Grosso só não registra prejuízo por conta da recente alta do dólar. O preço da saca de milho subiu 12% desde o início de julho, chegando a R$ 40,17, ligeiramente acima do custo de produção de R$ 39,62, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Porém, essa situação deixa os agricultores no “zero a zero”, dificultando o investimento no próximo plantio de 2025, avalia Cleiton Gauer, superintendente do Imea.
- Paraná: Segundo maior produtor nacional, o Paraná enfrenta preços entre R$ 48 e R$ 50 por saca, bem abaixo do custo de produção de R$ 74. As perdas esperadas para a safrinha são pontuais e não impactam as cotações atualmente, afirma Luiz Pacheco, analista da T&F Consultoria Agroeconômica.
- Rio Grande do Sul: Estado onde o milho é negociado ao preço mais alto, R$ 65 por saca, ainda assim abaixo do custo de produção de R$ 73,60.
- Goiás: Produtores de Rio Verde recebem R$ 47 por saca, enquanto o custo de produção é de R$ 56, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Situação Geral:
Os preços do milho caíram desde o início de 2024. O indicador Esalq/BM&Bovespa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) registrou R$ 58,91 por saca ontem, comparado aos R$ 71 em janeiro. Com preços desfavoráveis, produtores estão adiando as vendas para minimizar prejuízos. Vlamir Brandalizze, consultor de mercado, menciona que a comercialização do milho safrinha de 2023/24 está em 40% da produção, enquanto a média seria 50%.
Expectativas Futuras:
Brandalizze prevê uma recuperação dos preços até o fim do ano, especialmente após o término da colheita no Brasil. A Conab informou que, até 21 de julho, 97,8% da área de milho safrinha já havia sido colhida. Brandalizze sugere que o preço pode subir até R$ 10 por saca devido à oferta restrita e aumento da demanda, especialmente do setor de etanol a partir de outubro.
Atualmente, a realidade dos produtores é de prejuízo. Leandro Guerra, da LC Guerra Corretora de Cereais, observa que muitos estão vendendo apenas o necessário para pagar contas, destacando o cenário desfavorável para os agricultores brasileiros.