Os preços da soja no Brasil mantiveram-se em alta na última semana, sustentados pela taxa de câmbio e prêmios de exportação, mesmo com a desvalorização observada nas cotações internacionais. Paralelamente, o mercado aguarda os impactos da Medida Provisória 1227, que limita o uso de créditos tributários de PIS/Cofins, gerando apreensão entre os agentes do agronegócio.
De acordo com o levantamento do Valor Data, o preço da soja na Bolsa de Chicago acumulou uma queda de 2,22% nas primeiras sessões de junho, com os contratos de julho fechando a última sexta-feira (7/6) a US$ 11,79 por bushel, uma redução de 1,73% no dia.
Apesar da queda nas cotações internacionais, os prêmios de exportação continuam positivos, sustentando os preços no mercado interno. Dados da Sim Consult indicam que os prêmios para julho estão em US$ 0,45 por bushel acima dos preços na Bolsa de Chicago, e para agosto, o ágio é de US$ 0,58 por bushel.
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Preços internos da soja
No mercado brasileiro, o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) registrou um aumento de 0,3% nos primeiros dias de junho, com a saca de 60 quilos cotada a R$ 138,29 em Paranaguá (PR). Em negócios no Estado do Paraná, a saca foi negociada a R$ 133,66, refletindo uma alta de 0,29% no período.
“O mercado está lento. Vendedores aguardam cotações mais altas, enquanto compradores esperam que as desvalorizações externas se reflitam nos preços domésticos”, comentou o Cepea em nota divulgada nesta segunda-feira (10/6).
MP 1227 e suas implicações
A Medida Provisória 1227, que limita o uso de créditos tributários de PIS/Cofins, está no centro das preocupações do mercado. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) estima que a medida pode levar a uma queda de até 5% nos preços pagos aos produtores. A entidade afirma que suas associadas têm créditos acumulados de R$ 6,5 bilhões.
João Birkhan, da Sim Consult, destacou a importância dos créditos de PIS e Cofins para a lucratividade da indústria. “Sem esses créditos, a indústria pode ser forçada a pagar menos pela matéria-prima para manter seus resultados, o que é prejudicial”, afirmou.
Reação do setor e do Congresso
A Medida Provisória, que entrou em vigor imediatamente, está sendo analisada pelo Congresso Nacional, que pode mantê-la ou rejeitá-la.
Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) pedem que o Congresso devolva o texto ao Executivo. A Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) se reunirá nesta terça-feira (11/6) com a Coalizão de Frentes Parlamentares para discutir o tema.
“A articulação visa a devolução da MP, pois o governo não dialogou com a sociedade e o Congresso. A medida afeta tanto empresas quanto consumidores”, informou a FPA em comunicado.
Perspectiva internacional
No mercado internacional, os preços da soja voltaram a subir nesta segunda-feira (10/6). O contrato para julho na Bolsa de Chicago subiu 0,74%, fechando a US$ 11,88 por bushel. Os lotes para agosto de 2024 registraram alta de 0,45%, encerrando a US$ 11,82 por bushel.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgará nesta quarta-feira (12/6) seu relatório mensal de oferta e demanda. Analistas consultados pelo The Wall Street Journal esperam uma revisão da estimativa de colheita de soja no Brasil para a safra 2023/24, projetada para 151,4 milhões de toneladas.
