No atual contexto, quando falamos em reprodutores pesados, lembramos imediatamente dos desafios com o índice de fertilidade, problema que vem tirando o sono de muitos produtores, técnicos e profissionais da área.
Sabemos que a seleção genética para desempenho no frango de corte é inversamente proporcional aos resultados em reprodutores pesados. Frangos de corte atuais foram selecionados para alto ganho de peso, velocidade no crescimento e conversão alimentar e, para isso, há um preço a se pagar quando focamos nos resultados de seus progenitores.
No dia a dia não podemos abrir mão de algumas ferramentas nutricionais para minimizarmos os problemas relacionados com baixas fertilidades em galos reprodutores. Entre os principais objetivos de promovermos uma nutrição específica para galos, destacamos o rigoroso controle de peso das aves e a manutenção da uniformidade dos lotes como os focos principais.
Lotes com galos reprodutores com pesos bem acima do padrão na entrada do ciclo reprodutivo ou por toda essa fase são categoricamente mais inférteis que lotes próximos ao padrão, principalmente pela dificuldade mecânica no momento da cópula e, em alguns casos, devido ao aumento da agressividade sobre as fêmeas, o que as fazem rejeitá-los. Da mesma forma, consideramos que lotes de reprodutores com uniformidades abaixo de 80% têm seu desempenho reduzido.
É fundamental, a partir da transferência das aves para a produção, a utilização de uma ração específica para os Galos, com conceitos de Proteína Bruta por volta de 12% a 12,5%, considerando um consumo diário de 16 gramas/ave, o que se torna inviável com a utilização de uma ração de fêmea. Igualmente, não podemos dispensar o correto requerimento de aminoácidos nessa fase reprodutiva, com fórmulas baseada em proteína digestível.
Esses conceitos são fundamentais para que possamos alcançar maior persistência da fertilidade, principalmente no terço final do período reprodutivo. Os investimentos em estruturas para o recebimento e distribuição dessa ração são facilmente retornáveis com a melhoria desse índice.
Sobre a energia da ração, é necessário ter em mente que à medida que os galos amadurecem, há uma maior exigência desse “nutriente”, sendo preciso o aumento gradativo durante a sua vida reprodutiva. Outro ponto relevante seria a preocupação sobre os fatores de estresse e a idade em que atuam diretamente na manutenção da qualidade e na produção do sêmen.
Já é bem conhecido o efeito que os antioxidantes têm sobre a fertilidade em lotes de matrizes. Os minerais orgânicos, especificamente o Selênio, têm função importante de antioxidante intracelular, influenciando as atividades das enzimas que auxiliam na proteção do sêmen contra a peroxidação de lipídios provocada por vários tipos de estresse e idade. Da mesma forma e atuação, a vitamina E também auxilia nesse processo de blindagem.
Por último, outro ponto crítico e que muitas vezes é negligenciado, é o correto acompanhamento do controle da matéria-prima. Normalmente, em se tratando de nutrição de galos reprodutores, as formulações possuem altos teores de farelo de trigo, podendo variar comumente em seus níveis de fibra, energia e proteína, de acordo com os grãos utilizados para a produção desse subproduto. Atenção máxima para o grau de micotoxinas encontrado no milho também é requerida.
Na atualidade, a principal preocupação é a fumonisina, micotoxinas produzidas pela infestação de fungos Fusarium spp nas lavouras. Apesar das aves serem mais resistentes à fumonisina, o estresse produtivo associado à presença desse composto pode ter como consequência redução das respostas imunes.
Concluindo, o uso da ferramenta nutrição com o intuito de mitigar os problemas com o índice de fertilidade, torna-se uma das principais formas de atuação. É fundamental estruturar as empresas para que possam fornecer uma ração específica para galos na fase reprodutiva e que ela tenha em sua formulação conceitos e tecnologias já comprovadas, atuando diretamente no controle do peso, uniformidade, manutenção da produção e qualidade do sêmen.