O medo dos produtores em relação a uma possível queda na produção da safrinha de milho por causa da estiagem que atrasou a semeadura da soja no ano passado está se dissipando e as nuvens escuras dão lugar a um horizonte mais claro no campo. Tudo por conta do clima. Com o volume de chuvas intenso dos últimos dias, os produtores colocaram as máquinas para trabalhar em ritmo frenético – dia e noite – e a soja precoce, que está na fase inicial de colheita, dá lugar ao plantio do milho. Os primeiros talhões já estão plantados e, segundo a Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado), tudo indica que Mato Grosso colherá novamente uma grande safra de milho. No ano passado, a produção passou de 8 milhões de toneladas. A área plantada no ciclo 2010/11 também deverá ser mantida.
“De fato, aquela preocupação inicial já não é tanta porque as chuvas se firmaram em todo o Estado e os ventos voltaram a soprar a favor do produtor”, disse o diretor executivo da Aprosoja, Marcelo Duarte Monteiro.
Ele acredita que a atual safra terá uma área “muito parecida” com a do ano passado (1,94 milhão de hectares) e o sucesso da safra só depende da continuidade das chuvas. “Se as chuvas continuarem por um período mais longo, vamos ter uma safra fantástica”.
Monteiro lembrou que a safrinha de milho começou a ser plantada mais tarde este ano por causa da estiagem prolongada de 2010. “Tudo aponta que vamos entrar o mês de março plantando, por isso os produtores esperam que a previsão dos meteorologistas, de que o período chuvoso se prolongará este ano, realmente se confirme”.
No primeiro levantamento de plantio, realizado pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), constatou-se que 21,3 mil hectares já estão plantados. Em relação ao mesmo período do ano passado, a porcentagem plantada da área no Estado apresentou-se 10,7 pontos percentuais menor.
De acordo com analistas do Imea, esta diferença já era esperada, dadas as condições em que o plantio de soja ocorreu, porém outro fato que distingue o plantio de milho deste ano do ano passado é o avanço regional: neste mês de janeiro a região que – percentualmente – mais plantou milho foi o Médio Norte, com 1,6% da área plantada, seguida pelo Oeste (1,4%).
No ano passado, a região Oeste havia semeado 17,6% de sua área no mesmo período, enquanto o Médio Norte, 11,6%. O fato decorre da maior preferência regional do Oeste pelo plantio de algodão em relação ao ano passado. Com isso, parte da área de soja superprecoce destinou-se a esta cultura.
Negócios – O mercado interno de milho continua em ritmo lento, com poucos negócios fechados. Em Sorriso e Primavera do Leste, o preço pago pela saca de 60 quilos, no início do mês, era de R$ 14,50 e R$ 16,00 respectivamente, porém a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) realizou leilões de venda dos estoques públicos nos dias 5, 12, 19 e 26 de janeiro, com isso os preços de compra e venda aumentaram no mercado disponível.
Nesta semana, o valor médio da saca indicado pelos compradores de Sorriso chegou à casa de R$ 20,00. Já em Primavera do Leste este preço é de R$ 22,63/saca.
Segundo análise do Imea, o fato mais relevante nesses dados é que com quase toda safra 2009/10 comercializada, o mercado disponível de milho está “refletindo a maré dos leilões”, fazendo com que o preço de venda aumente em maior proporção que o de compra e consequentemente os produtores e compradores realizam ainda menos negócios.