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Abastecimento de milho

<p>Crise de abastecimento de milho pode ser evitada com planejamento estratégico, afirma ABCS.</p>

Redação (09/02/07) – O Brasil poderia ter-se preparado melhor para enfrentar o aumento da demanda por milho no mercado internacional, determinado principalmente pela decisão dos Estados Unidos de usar o produto como base do seu programa de produção de etanol para ajudar a mover sua frota de veículos automotores. “Nós tivemos a informação de que os EUA iriam usar 40 % de sua safra de milho para produção de etanol ainda em agosto de 2006 e poderíamos ter aproveitado para incentivar tanto a safra plantada em outubro, como a safrinha que começa a ser definida em março”, comentou Rubens Valentini, Presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos.

Rubens chamou a atenção para a necessidade de o Governo agir assertivamente sobre o setor a partir de uma visão estratégica: “na verdade, o que está em jogo é se vamos estimular a exportação de 5 ou 6 milhões de toneladas de milho, ou pelo menos manter a exportação de aves e suínos nos patamares de 2006”, afirmou. Há uma grande diferença entre uma situação e outra: com aquela quantidade de milho exportado o Brasil colheria cerca de US$600 milhões, contra os cerca de US$4 bilhões de dólares representados pela exportação de aves e suínos no ano passado.

“É estimulante ver que os produtores de milho estão prestes a superar os problemas que tiveram na safra de 2006, mas não podemos deixar de considerar os graves problemas de abastecimento no mercado interno que podem surgir no segundo semestre”, alertou Valentini. Existem razões objetivas para essa preocupação do Presidente da ABCS. Ele lembra que não é só uma questão de preço. Se houver milho disponível no mercado internacional no segundo semestre muito provavelmente será de origem transgênica e a legislação brasileira simplesmente veta a importação de produtos com essa característica.

Ações de planejamento podem minimizar os problemas colocados pelo aumento da demanda por milho no mercado externo. O Presidente da ABCS destaca que há várias maneiras de estimular os produtores: aliviar a grave situação financeira que os agricultores viveram em 2005/06; promover intervenções concretas para resolver problemas de infra-estrutura de transporte, armazenagem e embarque dos produtos. Rubens citou um exemplo específico:

– Os caminhões saem de Mato Grosso para Santos com a safra de grãos, sem que haja uma articulação com o tráfego de fertilizantes, por exemplo. Uma melhor coordenação logística poderia cortar duas pernas nesse trajeto, fazendo com que o mesmo caminhão que leva a safra retorne com os fertilizantes.

Finalmente, Rubens Valentini disse que é preciso prestar muita atenção na intenção de plantio da safrinha, que será um elemento decisivo no que diz respeito à qualidade do abastecimento interno de grãos no segundo semestre.