Da Redação 18/07/2003 – A procura por sementes de milho caiu 20% em junho em relação ao mesmo mês do ano passado e a principal fornecedora, a empresa Monsanto, já registra cancelamentos de pedidos. O desaquecimento das vendas é confirmado por Antonio Fernandes Antoniali, presidente da Associação Paulista dos Produtores de Sementes, que reúne 90% das empresas do setor. As causas apontadas são o crescimento da safra de inverno acima do esperado, a queda no preço do grão e a perspectiva de altos estoques.
O plantio da safra de verão começa em setembro. As encomendas canceladas tinham sido realizadas no mês de maio. O gerente de negócios de sementes de milho e sorgo da Monsanto do Brasil, Paulo Cesar Cau, informa que os cancelamentos de pedidos vêm de todas as regiões do País. Ele acredita, entretanto, que a situação deve se reverter em pouco tempo.
“Percebemos um desaquecimento nas vendas deste mês, mas acreditamos que ainda haja agricultor retardando os pedidos para os próximos meses, uma vez que querem observar o mercado”, afirma Cau. A Monsanto do Brasil detém as marcas Dekalb e Agroceres, e é líder do mercado de sementes de milho. Segundo o gerente, a queda das vendas de sementes deve se situar entre 5% e 10%, acompanhando a tendência da redução da safra de 2004 sobre a atual.
Variação regional
A Pioneer, líder no segmento de sementes de alta tecnologia, e dona de 25% do mercado total de sementes, acredita que a diminuição nas vendas varia de região para região. “Já estamos recebendo os pedidos do agricultores do Sul que é uma das primeiras regiões a começar a plantar, a partir do final de agosto, e podemos afirmar que a demanda por sementes é 15% menor”, afirma o diretor executivo da empresa do departamento de semente e soja, Daniel Glat.
Segundo ele, as outras regiões ainda terão mais tempo para avaliar o mercado e poderão se animar com o plantio de milho. A redução da demanda por sementes também é observada pela Syngenta, que possui 20% do mercado de sementes. A empresa acha que é uma consequência da rotatividade natural da culturas. “O agricultor bem tecnificado costuma dividir a sua área de plantio entre soja e milho e é comum que passe a plantar mais soja em substituição ao milho para ter ganho de produtividade, além dos preços da soja estarem mais compensadores neste momento”, afirma o gerente de marketing da empresa para a área de sementes de milho, Renato Miranda.
Demanda em alta
O movimento do milho para a soja está sendo observado pela Cooperativa dos Agricultores da Região de Orlândia, (Caroll). Segundo a cooperativa, 90% do estoque de sementes de soja, que começou a ser negociado no final do mês de junho- num total de 400 mil sacas de 40 quilos -foi vendido na primeira semana. “Esse é um movimento fora do comum já que no ano passado só no final de agosto atingimos a venda de 80 % do total de sementes em estoque”, explica o gerente de insumos da Caroll, Itiel Parada Junior.
Segundo Para Junior, existe “uma febre” no mercado e são inúmeras as apostas indicando que a soja será mais rentável. Este cenário pode levar à falta de sementes do grão e forçar o agricultor a voltar ao plantio do milho, impulsionando as vendas.