A soja convencional vai ocupar menos espaço este ano, em Mato Grosso. Problemas de armazenamento, alto custo de produção e a queda no prêmio pago por esse tipo de grão fizeram os agricultores mudar a estratégia.
A plantadeira está parada na fazenda de Dênis Ogliari, onde o cultivo da soja começou há uma semana, mas foi interrompido pela falta de chuva. Serão 2,4 mil hectares plantados em Lucas do Rio Verde, mesmo espaço da safra passada, o que mudou foi o perfil da plantação.
Nas últimas seis safras, a fazenda sempre reservou uma parte da área para o plantio de soja convencional. No ano passado, por exemplo, foram 400 hectares, mas desta vez, a situação é outra: 100% do terreno será cultivado com sementes transgênicas.
A escolha é um reflexo das dificuldades durante o armazenamento da última safra. Os grãos não-transgênicos devem ser estocados em silos exclusivos e como são poucos na região, houve atraso no recebimento e impactos no cronograma da propriedade.
Em outra fazenda, os primeiros pés de soja começam a nascer e também são transgênicos. O grupo deve expandir em 10% a área de soja nesta safra, chegando a 50 mil hectares. Já as lavouras convencionais não vão aumentar, conforme explica o gerente de produção Gilberto Sander.
A vantagem geralmente está nos preços, que contam com uma espécie de bônus, conhecido como prêmio. Ele é pago porque a oferta deste produto é pequena se comparada à da soja transgênica e funciona como um incentivo aos agricultores.
No ano passado, plantar soja convencional foi um bom negócio porque a demanda dos mercados europeu e asiático foi grande. O diferencial no preço chegou US$ 3 por saca, mas desta vez, o cenário é outro.
A aposta nas cultivares convencionais foi reduzida e deve representar entre 15% e 18% das lavouras de Mato Grosso, enquanto no ano passado, elas ocuparam 20% da área.