Redação (13/4/2009) – Uma doença introduzida no Brasil em 2001 vem chamando a atenção de pesquisadores e produtores de soja. Trata-se da ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que causa a queda das folhas e, consequentemente, o enfraquecimento da planta, diminuindo a produção. O fungo chega até as plantações pelo ar, na forma de esporos, vindo principalmente dos estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Mato Grosso e Goiás.
De acordo com o engenheiro agrônomo do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e mestre em fitopatologia (ciência que estuda a doença das plantas) Jorge Alberto Gheller, a ferrugem asiática ressurge todo ano. Ela se manifesta principalmente quando há muita umidade no ambiente.
No Paraná, na lavoura 2008/2009, o fungo surgiu apenas no final do ciclo, atenuando bastante a queda de produção. “Devido a estiagem, principalmente na região oeste do Estado, a ferrugem asiática demorou para atacar a planta, uma vez que em tempo seco o fungo fica numa espécie de estado de dormência.
Quando as chuvas retornaram, no final de janeiro e início de fevereiro, foi que a doença atacou a planta, mas como já estava na fase final da plantação, as perdas foram poucos significativas”, informa. Gheller diz também que o fato dos agricultores estarem preparados para combater a ferrugem asiática contribuiu bastante para que as perdas fossem mínimas.
“O produtor estava mais atento para essa lavoura. Na produção de 2007/2008, a doença foi mais agressiva e acarretou mais perdas. A aplicação do fungicida para a atual safra foi de apenas uma por hectare. Ano passado, foram necessárias duas aplicações do defensivo agrícola, o que gera mais custos na produção”, explica.
Para combater a ferrugem asiática, o engenheiro agrônomo informa que a maneira mais eficaz de minimizar os efeitos da doença é destruir as plantas de soja que vão nascendo no decorrer da plantação. Segundo ele, essas novas plantas vão servir apenas como reservatório do fungo. “Quanto maior o número de plantas vivas nesse período, maior será o problema com a moléstia.
O fungo só sobrevive em tecido vivo da soja. Destruindo a planta, o fungo morre. Aqui no Paraná, existe o chamado vazio sanitário, que obriga os produtores a não manter as plantas de soja no período de 15 de junho a 15 de setembro justamente para evitar que o ciclo do fungo continue”, afirma. Gheller comenta ainda que isso vai evitar que o fungo se instale na planta cedo demais. “Se a doença aparecer no início do ciclo da planta, os custos vão aumentar demais e podem inviabilizar a plantação”, garante.
Embora a doença não diminua as propriedades nutricionais da soja, o grão perde peso e tamanho quando a doença atinge com força a planta. Gheller diz que isso vai gerar uma redução da produção e, por consequência, prejuízo para o produtor. “Por isso que é muito importante estar atento. Recomendamos também para que os agricultores iniciem a semeadura pouco antes do usual, pois assim, se a enfermidade se manifestar, a planta já vai se encontrar em um estágio mais avançado, minimizando as perdas”, encerra.
Maior ocorrência não significa grandes perdas
O Paraná é o estado do Brasil com o maior número de ocorrências de ferrugem asiática. De acordo com informações do site do consórcio antiferrugem (www.consorcioantiferrugem. net), dos 2.813 casos registrados para a safra 2008/2009 no Brasil, o Paraná responde por 1.530 registros da doença, incluindo também a ferrugem em kudzu, uma planta bem similar a soja. Apesar do número altíssimo, isso não implica que o Estado obteve uma perda grande da safra, pois a doença apareceu nos estágios finais da lavoura, não gerando prejuízos com isso.
Para efeitos de comparação, na safra 2007/2008, o Paraná registrou 1.038 casos, contudo, segundo o engenheiro agrônomo do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) Jorge Alberto Gheller, a doença se manifestou mais cedo do que na atual safra, gerando um prejuízo maior.
Para a responsável pela área de sanidade de grandes culturas da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab) e engenheira agrônoma Maria Celeste Marcondes, o alto índice encontrado de ferrugem asiática deve-se porque o Paraná trabalha forte nessa área.
“O Estado busca com afinco os assuntos ligados à soja. Possuímos uma excelente assistência técnica e laboratórios para alcançar o máximo de qualidade na produção. Só aparece muitos casos porque investigamos a fundo”, revela.