Criadores de frango e de suíno de Santa Catarina estão preocupados com a possibilidade de faltar milho. Boa parte dos agricultores trocou a cultura pela soja e pelo trigo.
Na propriedade de Eleandro Arsego, em Xanxerê, oeste de Santa Catarina, o trabalho é intenso. O criador costuma armazenar grãos e feno nesta época do ano, que servirão de alimento para o gado de leite durante todo o inverno. Ele tem 400 vacas, que consomem 1,2 mil sacas de milho por mês e para dar conta do volume, ele sempre plantou milho, mas este ano mudou o planejamento.
A área antes ocupada com milho foi destinada ao plantio da soja, que já foi colhida. Além do custo de produção ser menor que o do milho, a soja permite semear uma segunda cultura na mesma área, opção que no local foi pelo trigo.
O criador tomou esta decisão por causa do preço dos grãos. O valor da saca da soja e do trigo está nas alturas, enquanto o do milho caiu este ano. Hoje, o grão vale R$ 24 na região.
Eleandro está vendendo a soja por R$ 64 a saca e comprando milho para usar como ração. Do ponto de vista financeiro, a operação está valendo a pena, mas a preocupação do criador é que falte milho para comprar em breve.
A área ocupada com milho este ano caiu no Estado e a de soja preencheu o espaço. A estimativa é de que Santa Catarina produza 3,4 milhões de toneladas de milho e o consumo deve chegar a 5,5 milhões de toneladas.
Em outra propriedade em Bom Jesus, a soja ficou com 60% da área, enquanto o ano passado foi o contrário. “Porque você tem um custo e a soja estava sendo mais atrativa internacionalmente para se plantar. Além disso, temos como cultura de inverno o trigo para fazer o acompanhamento, por isso, muitos produtores optaram pela soja e não pelo milho”, explica o agrônomo Airton Alberton.
Além de produzir menos milho, a fazenda decidiu segurar a venda do produto. O grão colhido está sendo depositado nos armazéns da Coperalfa, onde os silos estão cheios. Segundo o presidente da cooperativa, Romeo Bet, a comercialização este ano está mais lenta. “Praticamente 60% da produção está depositada aguardando a oportunidade de comercializar”, diz.