Da Redação 25/08/2003 – Para estimular os produtores a plantar milho na próxima safra e assim garantir a ração necessária aos animais no ano que vem, as agroindústrias do Estado estão oferecendo contratos antecipados aos agricultores com preço estipulado entre US$ 5 e US$ 5,5 por saca do grão.
Pela câmbio aproximado de R$ 3, os valores estariam 20% mais altos do que o pago hoje pelo milho ao produtor.
O presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc) e do Sindicato das Indústrias de Carne (Sindicarne), José Zeferino Pedrozo, explicou que, com a alta produtividade do milho na safra 2002/2003, os preços do produto caíram muito e não são mais atrativos para os produtores.
Os agricultores estão optando pela cultura de soja, que garante maior rentabilidade. “As agroindústrias precisam do milho para ração dos animais pequenos, como suínos e aves, cuja produção é o carro-chefe da economia agropecuária do Estado, e encontraram no contrato antecipado uma alternativa para incentivar o plantio”, disse Pedrozo.
No ano passado, com uma safra de 3,2 milhões de toneladas, segundo o Instituto Cepa (Icepa), a escassez do produto elevou o preço do milho para R$ 28 a saca.
Este ano, a safra chegou a 4,3 milhões de toneladas, conforme o Icepa, e os valores da saca caíram para R$ 14, desestimulando a produção do grão.
“Não há entusiasmo para plantar milho por parte dos produtores, porque a oferta pressionou os preços para baixo e há milho estocado para vender”, afirmou o presidente da Faesc. Entretanto, ainda há déficit no saldo de oferta e demanda por milho em Santa Catarina.
Déficit está em 700 mil toneladas
Na safra do ano passado, o saldo negativo chegou a 1,6 milhão de toneladas. Em 2003, a estimativa é de um déficit de 700 mil toneladas. “A economia agrícola do Estado precisa de milho, por isso as agroindústrias ofereceram contratos antecipados em dólar, com valores 20% maiores do que o pago hoje pela saca do milho”, ressaltou.
Apesar da iniciativa, Pedrozo explicou que não houve muitas adesões no Estado. “É uma proposta nova, que ainda não despertou tanto interesse dos produtores”, disse. Conforme ele, serão necessárias outras medidas para garantir a produção do milho na próxima safra. “O Estado acaba importando o grão para suprir sua necessidade, já que o consumo é alto”, revelou.