Escasso e caro no sul do Brasil, o milho é abundante e registra preços compatíveis com a atividade em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Transferir do centro-oeste brasileiro o milho que as agroindústrias catarinenses de aves e suínos necessitam é uma operação econômica e logisticamente complicada porque o custo do transporte – de 5 a 13 reais por saca, dependendo da distância – deixa o preço do grão inacessível.
O presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC) Marcos Antônio Zordan e o presidente da Coopercentral Aurora Alimentos Mário Lanznaster apresentarão uma sugestão ao Ministério da Agricultura: o subsídio de R$ 5 reais por saca de milho ao abrigo do VEP (valor para o escoamento da produção) para o transporte do milho disponível no mercado em geral e nos armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento.
Os dirigentes sustentam que a medida beneficiará pequenas, médias e grandes indústrias de abate e processamento de aves e suínos ameaçadas de falência em razão do elevado custo dos grãos que compõe a nutrição animal – milho e farelo de soja.
Até agora, foram anunciadas medidas paliativas para atender diretamente os produtores rurais através da transferência de milho dos depósitos da CONAB para Santa Catarina. Ocorre que, por falta de transporte, o milho não tem chegado à região em volume suficiente. Em resumo: a escassez afeta igualmente as indústrias e os produtores.
O presidente da Ocesc lembra de outro fator agravante: o custo da aplicação da lei do motorista, que encarece o transporte em 30%. “Esse é o momento certo para pensarmos nos grãos da próxima safra e vencermos a burocracia que atrapalha a produção e a produtividade,” realça o dirigente.
FLEXIBILIZAÇÃO
A utilização do VEP para a finalidade proposta exigirá alteração de sua normatização. Nas condições atuais, o VEP é um Instrumento de Comercialização Governamental, concedida àqueles que se dispõe a adquirir produto do Governo Federal, promover o seu escoamento para uma região de consumo previamente estabelecida, mediante o recebimento de uma subvenção econômica definida com antecedência mínima de dois dias úteis anteriores à realização do leilão eletrônico.
O VEP somente é lançado quando o preço de mercado está acima do preço mínimo. As operações com o VEP obedecem ao regulamento para operacionalização da venda de produtos agropecuários dos estoques públicos nº 004/04 (2002) e aos Avisos específicos, divulgados pela – CONAB e disponíveis para consulta na internet (www.conab.gov.br).
Zordan e Lanznaster sustentam que, se o milho não chegar ao sul em nível acessível de preços, as carnes vão encarecer e a inflação disparar. “O governo pode flexibilizar o VEP para subsidiar o frete e resolver essa crise, evitando a falência de frigoríficos , de produtores rurais e a volta da inflação”, recomendam.
Os presidentes da Ocesc e da Aurora prevêem que os preços dos grãos essenciais para a formulação de rações para nutrição animal continuarão em alta em 2013, situação que causa pesados prejuízos à pecuária intensiva, como a criação de aves e suínos. Não há escassez no mercado brasileiro, mas o sul depende do fornecimento suplementar do centro-oeste. Os preços aumentaram muito em decorrência da associação de vários fatores: a seca nos Estados Unidos, a seca no sul do Brasil e a antecipação de compras da China. A saca de milho custa R$ 32 reais (estava em R$ 21 em janeiro) e o farelo de soja R$ 1.300 reais (estava em 600 reais em janeiro).
Essa crise de custos atinge de forma diferente os criadores de aves e suínos integrados e os independentes, explica Zordan. Os integrados têm garantia de suprimento de ração pelas indústrias e de remuneração pelo trabalho. Os independentes precisam comprar no mercado os insumos para, depois, oferecer nesse mesmo mercado seu produto – animais prontos para abate.