Após uma expansão “decepcionante” no ano passado, a produção de etanol do Brasil deverá crescer 59,3% até 2015, na maior alta globalmente, prevê a Agência Internacional de Energia (AIE), que reúne os países ricos.
A produção do País pode pular do equivalente a 462 mil barris diários de petróleo em 2009 para 736 mil barris diários em 2015, diz a agência em relatório sobre as perspectivas de médio prazo.
Em comparação, os EUA poderão registrar crescimento de 41% no etanol, passando de 702 mil barris diários para 989 mil barris diários entre 2009 e 2015.
Juntos, o Brasil e os EUA continuarão dominando o setor de etanol mundialmente, representando 75% do fornecimento do combustível e também 75% do crescimento da produção global.
Projeções de expansão da economia mundial e do preço de petróleo aumentaram as perspectivas para bicombustível. O preço do óleo pode subir para US$ 86 o barril em 2015, representando quase US$ 10 a mais, ou 13%, comparado a cotação atual.
A agência internacional estima que a indústria brasileira de etanol “continua frágil no rastro da crise de crédito”, mas que a consolidação e investimentos de grandes ‘players’, como Petrobras, BP e Shell, ajudaram a reforçar a posição financeira no setor.
A agência acredita também que a demanda doméstica continuará a estimular a produção, com expansão de capacidade e exportações ajudando no médio prazo. Com os veículos flex-fuel representando mais de 90% das vendas de carros, o etanol deve atender mais da metade do crescimento da demanda de combustível entre 2009-2015 no país, e deve aumentar para 60% do combustível total até 2015.
Globalmente, com o declínio da demanda por gasolina na América do Norte no médio prazo, o etanol deve representar 48% do crescimento da demanda global por combustível até 2015.
A entidade aponta riscos para o setor de etanol, como excesso de capacidade, particularmente em biodiesel, o que pode derrubar as margens, e assim a produção, em várias regiões.
A expansão da produção de bicombustível deve reforçar os preços de matérias-primas, sobretudo de milho. A consolidação do setor deve continuar e a AIE questiona a viabilidade de planos de expansão na Europa e Ásia, sobretudo no Reino Unido, na Holanda e em Cingapura.
A produção de bicombustível de segunda geração também pode aumentar, sobretudo nos Estados Unidos. Os planos atuais implicam potencial de produção global de 150 mil barris por dia, 55% deles sendo etanol. Mas atrasos no desenvolvimento da tecnologia e dificuldades econômicas podem manter a produção abaixo dessas projeções.