Redação (13/03/2009)- Dez lavouras de soja e milho foram visitadas na região de Campos de Júlio no segundo dia do Rally da Safra 2009 (09.03). Um dos pontos que mais chamaram a atenção, de acordo com o gerente técnico da Aprosoja/MT, Luiz Nery Ribas e técnicos da Agroconsult (organizadora da expedição), é que alguns produtores não conseguiram plantar até a data limite, que em Mato Grosso é 28 de fevereiro e passam a plantar fora do período indicado, apostando em clima favorável.
“Observou-se várias áreas em que o milho foi recém plantado, no final de fevereiro e neste início de março, e há produtores que cogitam plantar a partir desta semana”. É o caso da produtora Zelide Klahold que cultiva no total 2 mil hectares de soja em Campos de Júlio. “Eu ainda não plantei a safrinha, vou plantar a partir do dia 10”.
De acordo com Ribas a ‘janela’ já passou e o plantio do milho safrinha passa a ser arriscado do ponto de vista agronômico. O gerente técnico enumera os motivos do alerta. “Esta cultura depende de em média 400 milímetros de água e a irregularidade de chuvas pode impactar o desenvolvimento da planta”. A previsão do Agritempo para Campos de Júlio é que chova em média de 5 a 20 milímetros até sexta-feira (13).
Além disso, muitos produtores usaram baixa tecnologia e isto também é um dos fatores que poderão influenciar a produtividade. “O milho menos nutrido fica mais suscetível à infestação de pragas e de ervas daninhas e para piorar é menos resistente à seca e neste ano o Brasil já começou a sentir os efeitos da La Ninha”.
Para o economista da Agroconsult, Douglas Nakazone, o plantio fora do calendário, com redução de tecnologia e clima possivelmente mais seco, pode formar uma combinação perigosa.
Já o produtor de Campos de Júlio Ademir Rostrirolla que planta 2.500 hectares de soja decidiu, neste ano, não plantar a safrinha. “A conta não fecha, o custo de produção da safrinha esteve em média de US$ 600, impactado também pelo preço do fertilizante, ou seja, quase tão alto quanto foi o da soja. A discussão que interessa é: compensa produzir milho apenas para agradar o governo e manter a área plantada ou fazer os cálculos e entender que o plantio da safrinha não compensa?”, questiona Rostirolla que optou por dividir a área que seria destinada ao milho safrinha para plantio de sorgo e girassol.