Da Redação 25/09/2003 – Grandes indústrias de alimentos dos Estados Unidos estão aderindo à onda dos orgânicos. A Tyson Foods e a H.J.Heinz Co. começaram a vender, recentemente, versões orgânicas de seus produtos para explorar o segmento, que vem crescendo em forte ritmo naquele país.
Um dos lançamentos da H.J.Heinz Co é a versão livre de agrotóxicos do seu famoso ketchup de tomate. Já a Tyson Foods oferece ao mercado um frango congelado alimentado somente à base de ração orgânica.
A PepsiCo Inc. foi uma das primeiras a investir neste mercado, com a criação da versão orgânica do salgadinho Tostitos. A Ben & Jerrys, unidade do grupo Unilever, estuda o lançamento de quatro sabores de sorvetes orgânicos.
As vendas de produtos orgânicos praticamente dobraram de tamanho nos últimos cinco anos nos Estados Unidos, passando de US$ 5,5 bilhões para US$ 11 bilhões. Ainda assim, eles representam apenas 2% dos US$ 485 bilhões gastos com alimentos por ano nos EUA.
No Brasil
O mercado de soja orgânica no Brasil tem crescido na proporção de 50% ao ano nas últimas safras, segundo avaliação de Rogério Konzen, presidente da Terra Preservada, empresa de produção e exportação de orgânicos, com sede em Curitiba, que avalia que na safra passada foram colhidas em torno de 25 mil toneladas em cerca de 7 a 8,5 mil hectares no País. O Paraná produziu em torno de 10 mil toneladas.
Konzen explica que atualmente há equilíbrio entre oferta e consumo de soja orgânica para a alimentação humana. No entanto, o que deve garantir o crescimento da produção e liquidez do produto é o mercado potencial de ração animal orgânica. “Este é o setor mais promissor do complexo deste tipo de soja no mundo e que deverá registrar maior demanda no ano que vem, porque a indústria está comerçando a investir na produção de carne orgânica, incluindo aves e ovos”, comenta. Segundo o empresário, a Terra Preservada tem produzido e exportado farelo para a produção de peixes orgânicos.
“Então é um nicho importante de mercado que se abre e que, além do aumento do volume, ajuda a agregar valor à matéria-prima.”
Konzen esclarece que 90% do volume é exportado para a Europa e principalmente para os Estados Unidos, onde o mercado encontra-se em franca expansão. “Só não temos exportado mais para os norte-americanos por uma questão de logística, que acaba encarecendo muito o produto.” Ele explica que atualmente a exportação para os EUA é feito em contêineres (20 toneladas), o que eleva muito o valor do frete. “Mas já estamos pensando em lotes maiores, entre 3 mil e 7 mil toneladas, para embarques em navio pra atender os clientes daquele mercado”, adianta.
Konzen diz que o custo de produção é variável, porque depende do “histórico da terra”, já que o controle de ervas daninhas é o que tem o maior peso nos gastos com a lavoura. Por isso, recomenda-se o cultivo em sistema de plantio direto. A limpeza da lavoura é feito com roçadeiras nas entrelinhas e capina manual. O produtor de soja orgânica recebem o equivalente a US$ 16 e US$ 17 por saca. “É um valor muito bom considerando que a saca da convencional está valendo US$ 12.” O empresário revela ainda que a política da Terra Preservada é garantir ao agricultor 30% acima do preço de mercado do grão convencional. Mas dependendo da qualidade do produto, o bônus pode chegar a 50%.