A safra 2009/10 de soja de Mato Grosso, maior produtor da oleaginosa no país, terá uma necessidade de recursos 15% menor que a exigida na temporada 2008/09, segundo estudo inédito do Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (Imea), que será divulgado hoje. O declínio ocorrerá em virtude da baixa generalizada dos preços dos insumos, em particular dos de fertilizantes, de acordo com análise da entidade.
O estudo aponta necessidade de R$ 7,2 bilhões para custear o plantio em 2009/10. Na safra anterior, os sojicultores do Estado precisaram de R$ 8,5 bilhões para trabalhar na safra. Como é usual em Mato Grosso, as tradings permanecerão como os principais agente de financiamento dos produtores do Estado, com uma fatia de 35%.
De uma temporada a outra, contudo, cresceu a exigência de uso de recursos próprios dos produtores para o financiamento do produção. Em lugar dos 22% apurados na temporada 2008/09, a sojicultura de Mato Grosso vai ser tocada com 34% de dinheiro dos próprios produtores, segundo aponta o levantamento do Imea.
“Isso é o que teoricamente o produtor vai precisar tirar do próprio bolso, mas o pessoal acaba pegando dinheiro com parentes ou agiotas”, diz Seneri Paludo, superintendente do Imea. Ocorreu uma mudança do cenário, afirma Paludo, mas a situação não ficou exatamente pior.
No último trimestre de 2008, com o recrudescimento da crise econômica, as previsões para o crédito no campo eram tenebrosas para a agricultura em 2009. Isso deveria abater especialmente a agricultura empresarial de Mato Grosso, bastante dependente dos desembolsos das tradings.
“O que temos percebido é que as tradings, se não aumentarem os desembolsos, vão pelo menos manter o volume financiado na safra passada”, diz o superintendente do Imea. Ao Valor, três importantes companhias nessa atividade, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus, já informaram que manterão ou elevarão o montante dos recursos ofertados para os agricultores na safra 2009/10.
A estratificação do estudo do Imea foi alterada neste ano. As tradings devem responder por 35% dos recursos a serem utilizados pelos sojicultores de Mato Grosso, mas, se somados os 14% a serem desembolsados pelas revendas de insumos, a fatia aproxima-se de 50%, percentual dos recursos pelo qual as indústrias e o setor privado ficaram responsáveis na temporada 2008/09. Uma nova versão do estudo do Imea deve ser feita até o fim do ano.