Redação SI 19/08/2002 – O preço do suíno vivo estava em R$ 1,17 o quilo nas regiões de Campinas e Sorocaba, na sexta-feira. Pagando R$ 283,00 a tonelada de milho e R$ 625,00 a de soja, os suinocultores reclamavam de prejuízo. “Não são a soja e o milho que estão caros, é a carne suína que está barata”, disse o presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), Waldomiro Ferreira Júnior.
Alguns frigoríficos estão estocando a produção para enxugar o mercado. O grupo Aurora obteve financiamento do governo federal para armazenar 3 mil toneladas de carne suína. Os produtores estão usando farelo de trigo na ração. Segundo Terra, o governo deve continuar estimulando a produção de milho, como fez este ano. “É a estratégia mais correta.”
O Brasil pode ampliar de forma significativa a produção de milho e soja sem abrir novas fronteiras agrícolas, nem derrubar matas do Cerrado ou da Amazônia. Basta transformar em um programa nacional o Plano de Integração Agricultura – Pecuária, desenvolvido com sucesso em regiões do interior de São Paulo, Mato Grosso do Sul e sul de Minas.
Segundo o agrônomo Armando Azevedo Portas, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) da Secretaria da Agricultura de São Paulo, a soja e o milho podem ser plantados diretamente sobre as pastagens degradadas. Não há necessidade de revolver o solo com arado, nem de acabar com o pasto. “Basta dessecar a pastagem e fazer o plantio com semeadeira especial”. Os tratos culturais usados beneficiam o capim que, mais tarde, rebrota recuperado. Segundo ele, só no Cerrado são 250 milhões de hectares de pastagens. Mesmo Estados densamente ocupados, dispõem de muito pasto.
Em São Paulo, são 10 milhões de hectares. “Se usarmos 20% disso a área agrícola no Brasil duplica.” O ganho adicional, segundo ele, será o aumento na produção de carne. “Nossas pastagens, em geral, têm baixa produtividade, produzindo em média 3 arrobas, ou 45 quilos, de carcaça por ano.” Depois de três anos de cultivo de soja nessas áreas, a produção pode chegar a 150 quilos por ano. Como no verão há sobra de pastos, o uso de áreas para lavoura não prejudica o rebanho.
Na região de Itapeva, no sudoeste do Estado, o plantio direto na palha atinge 80% da área cultivada com grãos e parte dele é feito em pastagens. O uso dessas áreas está permitindo o crescimento da produção de soja sem absorver áreas de outras culturas.