O economista chefe do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda, na sigla em inglês), Joseph Glauber, afirmou que o mercado de grãos pode ter reagido de forma precipitada à crise na Ucrânia. Os futuros do trigo e do milho registraram forte alta ontem e segunda-feira, devido a temores de que a instabilidade política possa interromper as exportações dos grãos pelo Mar Negro.
Mas segundo Glauber, não existe nenhuma indicação de que exportadores estão buscando outros fornecedores para cumprir contratos. “Eu não vejo nenhuma sinal nesse sentido”, afirmou. O representante do USDA está na Austrália para uma conferência sobre commodities.
“A resposta simples é que isso é muito especulativo”, disse. “Nós vamos avaliar (o impacto da crise na Ucrânia) quando fizermos a nossa própria projeção. Mas agora eu acredito que seja muito cedo para dizer qualquer coisa sobre quanto das exportações será afetado”, completou.
Antes da crise, o USDA projetava que a Ucrânia seria o quinto maior exportador de trigo em volume e o terceiro maior em volume embarcado de milho. O principal comprador o país é o Egito, maior importador mundial de trigo, seguido por outros países do Oriente Médio e África. Cerca de 10% das exportações passam pela Crimeia, onde se concentra a tensão militar entre Ucrânia e Rússia.
Preço dos alimentos sobe 2,6% em fevereiro frente a janeiro, diz FAO
Variáveis meteorológicas, o aumento da demanda e os temores em torno do conflito na Ucrânia provocaram alta do indicador.,
As variáveis meteorológicas, o aumento da demanda e os temores em torno do conflito na Ucrânia fizeram os preços mundiais dos alimentos subirem 2,6% de janeiro para fevereiro – o maior aumento mensal desde meados de 2012, segundo levantamento da Agência para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO). O indicador alcançou 208,1 pontos no mês passado. Apesar desta variação percentual entre os meses, o índice da FAO para fevereiro é 2,1% inferior ao registrado no mesmo mês de 2013.
Segundo comunicado da FAO, os preços do trigo e do milho subiram consideravelmente, em meio aos acontecimentos na Ucrânia, importante produtor de ambos os grãos. Entretanto, o aumento do índice em fevereiro “não se pode atribuir inteiramente a esse evento”.
O indicador da FAO, que é baseado em uma média de preços do comércio mundial para uma cesta de produtos, subiu em todos os grupos alimentares, com exceção da carne. As maiores variações mensais foram vistas no açúcar, com 6,2%; azeites e óleos, com 4,9%; e cereais, 3,6%.
“O aumento ocorre depois de meses seguidos de preços em queda, porém é cedo para dizer que á uma inversão da tendência”, disse Concepción Calpe, economista sênior da FAO.
O indicador para o açúcar alcançou 235,4 pontos em fevereiro, uma alta de 6,2% em relação a janeiro. Segundo a agência, o avanço se deve às preocupações em torno da produção no Brasil, com lavouras de cana castigadas pela seca. Em relação a fevereiro de 2013, o indicador de açúcar caiu 23,8 pontos percentuais.
O índice para azeites e óleos ficou em 197,8 pontos em fevereiro, 4,9% superior ao registrado em janeiro, mas 1,98% menor que em fevereiro de 2013. Segundo a FAO, o avanço neste segmento se deve a preocupações com o clima no Sudeste Asiático e América do Sul.
O indicador para cereais ficou em 195,8 pontos no mês passado, com avanço de 3,6% ante janeiro. “Esta alta reflete a preocupação com as lavouras de trigo nos EUA, um aumento forte da demanda por arroz e os problemas na Ucrânia”, disse a FAO no comunicado. Entretanto, a agência da ONU ressalta que os preços dos cereais seguem, em geral 18,8% inferiores ao registrado em fevereiro de 2013.
Os produtos lácteos registraram aumento de 2,9% na relação mensal e de 31,5% na comparação anual, com índice em 275,4 pontos.
O indicador de preços da carne foi o único com variação negativa no mês de fevereiro: 0,5% em relação a janeiro. O índice ficou em 182,6 pontos. Na comparação com fevereiro de 2013, os preços da carne caíram 2,03%.