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Análise semanal do mercado do milho

<p>Comentários da equipe da CEEMA, referentes ao período entre 15/08 a 21/08/08.</p>

Redação (25/08/2008)- As cotações do milho, em Chicago (EUA), igualmente subiram durante a semana, porém, em menor proporção do que a soja. Após atingirem a US$ 5,29/bushel no dia 15/08, as mesmas fecharam na quinta-feira (21) em US$ 5,97/bushel.

 

O comportamento especulativo do mercado, em linha com o que ocorre na soja, foi o principal motivo da recuperação dos preços. Após um recuo sensível nos dias anteriores, uma correção técnica se impôs e os Fundos especulativos voltaram às compras.

 

Há uma correlação direta entre alta das cotações agrícolas e recuo dos preços do petróleo e alta do dólar no mercado internacional, assim como o contrário igualmente é verdadeiro. Nesse sentido, a recuperação parcial dos preços do petróleo e o recuo do dólar favoreceu à melhoria dos preços do milho e outros produtos agrícolas em Chicago.

 

Esse movimento também usou a possibilidade de alguma falta de chuva nas regiões produtoras dos EUA como motivo altista (as mesmas já teriam retornado nas regiões de Iowa e Illinois). No fundo, a volatilidade do mercado continua enquanto se espera a definição da nova safra estadunidense. Novas baixas nos preços não estão descartadas.

 

Na Argentina, os preços da tonelada FOB permaneceram em US$ 215,00, enquanto no Paraguai a mesma tonelada ficou em US$ 175,00. Vale destacar que a Argentina já colheu 99% de sua área de milho até o dia 14/08 (3,15 milhões de hectares contra 2,83 milhões em 2006/07), não registrando atrasos em comparação ao ano anterior.

 

Brasil

No mercado interno brasileiro, os preços continuaram a recuar em algumas praças, enquanto se estabilizavam em outras. A média gaúcha no balcão ficou em R$ 22,45/saco, enquanto o sorgo esteve cotado em R$ 19,20/saco. O preço médio do milho é 4,18% abaixo da média registrada na semana anterior. Já os lotes permaneceram em R$ 23,50/saco no norte gaúcho. Nas demais praças, houve recuo na Mogiana paulista e em Campinas, enquanto o preço ficou estável em Chapecó (SC), Cascavel (PR), Maringá (PR) e Uberlândia (MG). Registrou-se elevação nas praças de Goiânia (GO), Rondonópolis (MT) e Dourados (MS), ou seja, no Centro-Oeste brasileiro.

 

De forma concreta, o mercado continua muito preocupado com os baixos volumes exportados. No atual ritmo, o País deverá vender ao exterior apenas 6 milhões de toneladas, contra uma necessidade de 11 a 12 milhões de toneladas para segurar futuras e novas quedas nos preços internos do cereal. As projeções para as exportações em agosto indicam um volume muito baixo, preocupando ainda mais o mercado e indicando baixa nos preços do cereal para o futuro. Nessa semana, as exportações registraram indicações de compradores a US$ 210,00/tonelada para setembro, porém, sem interesse vendedor.

 

Diante disso e de uma demanda interna estimada em 44,5 milhões de toneladas, sobrariam 8 milhões de toneladas, mais 6,6 milhões de estoques iniciais, a pressionar os preços para baixo a partir de agora e no início de 2009. Ou seja, o quadro está muito diferente do ocorrido em 2007 e gera preocupações compreensíveis junto aos produtores. E o pior é que ele tem grande probabilidade de se confirmar em definitivo diante da atual realidade nacional e mundial.

 

Nesse contexto, a CONAB realizou leilão de opção de venda de milho durante a semana, vendendo 38,4% dos 504 contratos, de 27 toneladas cada um, disponibilizados. Por outro lado, a empresa estatal adquiriu a totalidade dos 1.851 contratos de milho no leilão de Contrato Privado de Opção de Venda (Prop) nessa quinta-feira. O produto negociado teria sido o do tipo 3, das safras 2007 e 2008. O mercado indica que a CONAB fará compra de apenas 200.000 toneladas do cereal acima do preço mínimo. O restante será pelo preço mínimo e/ou através de contratos de opção, como o realizado nesse dia 21/08 (cf. Safras & Mercado).

 

No Nortão do Mato Grosso e em certas regiões de Goiás, os preços oferecidos pelos compradores ao produto da safrinha continuam ao redor de R$ 12,00 a R$ 13,00/saco. Produtores da região de Lucas do Rio Verde (MT), que teriam deixado de vender no começo de julho passado a R$ 17,50 o saco de milho da safrinha, obtêm hoje não mais do que R$ 13,00/saco. Até meados de agosto, a safrinha do Centro-Sul brasileiro havia sido colhida em mais de 50%, tendo chegado a 96% no Mato Grosso.

 

A tendência geral continua sendo, no atual quadro que se configura, a novas quedas de preço nas próximas semanas, salvo uma recuperação importante na exportação.

 

Enfim, a semana terminou com a importação valendo R$ 34,03/saco para agosto, para o produto dos EUA e R$ 29,63/saco para o produto da Argentina. Já para setembro, o produto argentino ficou em R$ 29,13/saco. Quanto às exportações, o transferido via Paranaguá registrou R$ 20,20/saco para setembro, R$ 21,63 para outubro, R$ 21,84 para novembro e R$ 22,21/saco para dezembro. (cf. Safras & Mercado)

 

 

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum – professor do DECon/UNIJUI (RS), doutor em economia internacional pela EHESS, de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos do mercado Agroepcuário (CEEMA).

Patrícia Kettenhuber Muller – acadêmica de Economia da UNIJUI (RS), auxiliar administrativa junto ao DECon/UNIJUI