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Soja

Apetite chinês

Analistas preveem alta da soja e volta de compras da China, apesar dos dados divulgados pelo governo dos Estados Unidos nesta semana.

Apetite chinês

Uma leva de dados divulgados pelo governo dos Estados Unidos tirou o brilho da alta da soja esta semana. Mas com uma estagnação da safra nos maiores produtores da commodity prevista para este ano agrícola, é provável que a queda de preço seja breve.

De fato, as expectativas para este ano agrícola têm melhorado. O Departamento de Agricultura dos EUA aumentou para 41,8 bushels por acre (460,1 quilos por hectare) sua estimativa de produção para a safra 2011-12, o que é mais do que as previsões do mercado. Isso resultaria em 3,1 bilhões de bushels, mas ainda seria a menor safra americana em três anos, já que os produtores dos EUA têm migrado para o milho. Mas o aumento da produção prevista pelo governo reforçaria a oferta quando os estoques já estão apertados.

Grandes estoques na América do Sul, a outra região grande produtora de soja do mundo, devem manter os mercados abastecidos nos próximos meses. As exportações brasileiras estão abaixo do nível do ano passado, apesar de uma safra recorde no segundo maior produtor mundial, devido ao enfraquecimento da demanda na China, o maior consumidor do mundo. As remessas da Argentina, por sua vez, caíram quase que pela metade em comparação com a safra 2010-11.

“Maior disponibilidade de exportações na América do Sul vai ajudar a suprir a demanda mundial para o ano agrícola 2011-12”, mesmo embora “os EUA estejam colhendo sua menor safra em três anos”, disseram num relatório especialistas em agricultura do Rabobank.

Os futuros de soja têm sofrido à medida que expectativas para oferta mais alta têm crescido. Contratos para entrega em novembro na Chicago Board of Trade caíram 2,2% segunda-feira, depois caíram mais 0,3% ontem, para US$ 13,92 o bushel.

Mas mesmo que os mais pessimistas estejam sorrindo agora, analistas dizem que os otimistas vão rir melhor.

Em primeiro lugar, a crescente competitividade do milho contra a soja, que tende a ter de batalhar por área de plantio, implica em que a produção de soja provavelmente não vai crescer muito, e pode até cair, em 2011-12, tanto na América do Norte quanto na do Sul.

Os futuros de milho estão sendo negociados a cerca de metade do preço dos grãos de soja – um dos diferenciais mais baixos em 30 anos -, o que quer dizer que os agricultores estão mais propensos a escolher o milho em vez de soja na hora de plantar, dizem analistas.

“Vemos riscos crescentes de queda da área plantada [para soja] tanto na América do Sul neste semestre quanto nos EUA no próximo”, o que poderia levar os estoques para “níveis drasticamente baixos e dar suporte a preços de soja bem mais altos”, afirmou segunda-feira a Goldman Sachs. O banco de investimento manteve sua previsão de preços para a oleaginosa a US$ 13,75 o bushel em três meses e US$ 14 o bushel pelos próximos 6 a 12 meses, mas disse que vê “risco de alta” nessas projeções.

David Eudall, analista da agência governamental britânica para a produção de cereais, informou que preços de soja vão precisar subir US$ 3 acima do nível atual para levar a demanda a níveis sustentáveis dada a magreza dos estoques mundiais.

Enquanto isso, prevê-se que o maior importador do mundo, a China, vai voltar a comprar com tudo este ano para alimentar sua pecuária. Embora preços altos e margens baixas para o esmagamento de soja tenha reduzido importações chinesas em 16% em agosto, há uma expectativa de que o país será forçado a acelerar suas compras em breve.

Ao mesmo tempo, condições climáticas podem prejudicar a safra mundial. Previsões de queda de temperatura em partes dos EUA estão alimentando temores de que geadas possam prejudicar a produção, especialmente ao se considerar que só 15% da lavoura americana já amadureceu, comparado com a média de 27% a esta altura do ano, segundo o governo. Na América do Sul, secas também podem ameaçar a produção, avisa a Goldman Sachs.

Em termos de preço, a soja pode estar em baixa – mas ainda pode se levantar.